segunda-feira, 25 de julho de 2011

O novo momento da UNE com o debate LGBT




A UNE neste 52° Congresso de Estudantes conseguiu cumprir o desafio de colocar o debate LGBT em destaque na sua pauta política. Com alguns anos de diretoria LGBT na entidade a pauta da diversidade sexual e a educação nunca foram centrais, tanto pelo preconceito institucional que o seguimento historicamente presenciou, quanto pela falta de prioridade nas ações e estratégias.


Apesar dos embates e dos esforços para serem realizados debates sobre a luta contra a homofobia, a União Nacional dos Estudantes conseguiu avançar ao fazer dois dias de intensos debates, sendo o primeiro dia interrompido por uma manifestação de militantes da Oposição de Esquerda que não respeitaram o espaço, exemplo nítido de sectarismo. Mesmo com todos os entraves, conseguimos tirar uma linha política para a próxima Diretoria LGBT, marco histórico do movimento que em sua historia deixava a desejar neste debate.


O Movimento LGBT aliado ao Movimento Estudantil percebeu que o combate a homofobia não deve acontecer isoladamente, mas aliado ao combate ao racismo, ao machismo e ao Capitalismo, que acirra o aumento das desigualdades, com a produção de modelos e padrões heteronormativos e que apenas enxerga os LGBTs como potencial publico consumidor.


Entretanto temos muito que avançar, é fundamental que o movimento estudantil esteja de fato apropriado deste debate e a UNE como principal porta-voz dos estudantes tem o dever de disseminar esta luta entre a juventude e a sociedade brasileira como um todo. Além disso, é necessário que a UNE se posicione quanto aos casos freqüentes de homofobia na sociedade, principalmente no âmbito educacional e que combata a opressões desde a Direção Executiva até a base dos estudantes, para que possamos ter uma UNE com a cara dos estudantes, com a cara do Brasil!


Diego Marinho.
Coordenador de Assuntos Academicos DAHS
Militante do Ousar Ser Diferente
Membro da Rede Afro LGBT.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

As críticas ao Pronatec.

Pronatec é bem visto, mas repasse de recursos para escolas privadas preocupa setor
Elogiado por dar continuidade à ampliação do ensino técnico iniciada no governo Lula, projeto que cria "ProUni do ensino técnico" peca ao prever verbas públicas para instituições particulares


São Paulo - Em tramitação no Congresso Nacional, o projeto de lei do Executivo 1209/2011, que institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), foi bem recebido por educadores do setor, mas com ressalvas.

Na avaliação de Antonio Almerico Biondi Lima, superintendente de educação profissional da Secretaria Estadual de Educação da Bahia, o programa é positivo por dar continuidade à ampliação da rede federal de ensino técnico e a programas iniciados no governo Lula; por conceder bolsas para os estudantes; por seu caráter emancipatório; e por contemplar a educação profissionalizante e de jovens e adultos, que historicamente foram excluídas das políticas educacionais.

No entanto, ele reprova a transferência de recursos federais, mediante convênios, para a rede técnica privada para aumentar as vagas oferecidas. Ele teme que institutições despreparadas e sem equipamentos adequados sejam beneficiadas. Integrante do Conselho Estadual de Educação da Bahia, Biondi conta que vê escolas técnicas sendo aprovadas que, na verdade, não passam de caça-níqueis.
“É preciso que essas escolas sejam fiscalizadas com o mesmo rigor aplicado às instituições de ensino superior”, afirma. “Senão é grande o risco de o dinheiro público ir pelo ralo ao financiar essas escolas ruins”.

Para ele, os investimentos públicos devem ser feitos na rede pública de educação técnica e tecnológica, que mantém a ampla maioria das vagas. Para se ter uma ideia, na Bahia a rede estadual oferece 50 mil vagas, enquanto que o sistema S, formado pelo Sesi, Senai, Sesc e Senac, entre outros, apenas 6 mil.


Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/educacao/2011/07/repasse-de-recu...

terça-feira, 5 de julho de 2011

"É colocar carro na frente dos bois", diz Haddad sobre Prefeitura de SP

HÁ SEIS ANOS NO COMANDO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, FAVORITO DE LULA PARA DISPUTAR O CARGO DIZ QUE DEBATE É PREMATURO, MAS NÃO DESCARTA CONCORRER

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O ministro da Educação, Fernando Haddad, é o candidato preferido de Lula para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012. O ex-presidente defende o lançamento de um nome "novo" e palatável para a classe média paulistana e vê no ex-auxiliar o nome certo para a missão. Com seis anos no cargo, Haddad, que sofre resistência de setores do PT na cidade, afirma que o debate sobre a candidatura é "prematuro" e uma ideia "de difícil execução". Que ele, no entanto, não chega a descartar. Na semana passada, o ministro recebeu a Folha em Brasília para uma entrevista. Abaixo, os principais trechos:



O senhor está no ministério há seis anos. Pensa em sair para novos desafios?

Fernando Haddad - Em 2007, lançamos o Plano de Desenvolvimento da Educação, com uma série de metas. E concluímos o mandato do presidente Lula cumprindo o que foi compromissado. É natural que haja uma sensação de missão cumprida.
Então no ano passado a minha perspectiva não era permanecer. Mas, à luz de conversas com o presidente Lula e sobretudo com a presidenta Dilma, já eleita, resolvi ficar. Já é difícil dizer não para um presidente; para dois, é quase impossível. E ela nos colocou um desafio estimulante na área de educação profissional e do ensino médio, que me reanimou. O Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico] será uma das marcas importantes do governo Dilma.

Mas ela queria mesmo ou o senhor foi da cota do Lula?

Olha... Aí é uma pergunta que eu não fiz a ela. Nem poderia. Mas eu entendo que a presidenta Dilma evidentemente respeita muito a opinião do presidente Lula, mas não faria algo de que não estivesse convicta.

Já houve relatos de que ela estaria insatisfeita com ministros, entre eles o senhor.

Num determinado momento, foi apresentado a ela -não por nós-um pequeno relatório dessas notas plantadas na imprensa por fontes anônimas. Na ocasião, ela deu uma entrevista para o jornal "Valor" desmentindo as notícias e reafirmando o apoio ao seu ministério de maneira bastante definitiva.

O senhor é candidato a prefeito de São Paulo, como deseja o ex-presidente Lula?

Nós temos hoje aqui no ministério projetos muito complexos, como o Pronatec. Antecipar um debate como esse, para mim, aqui no MEC, é muito difícil. E no PT de SP não faltam candidatos. Tem a ex-prefeita Marta Suplicy, que eu considero a mais preparada para pleitear o cargo, tem o ministro Aloizio Mercadante, tem jovens militantes petistas emergentes.

Mas o senhor não descarta.

Eu... Eu não estou discutindo essa questão. Eu não estou dizendo que não. Eu estou dizendo é que o MEC é um desafio e que a presidenta Dilma nos deu uma missão que nos animou.
Então eu acho que é uma discussão, em primeiro lugar, prematura. E, no contexto de São Paulo, é colocar o carro na frente dos bois.
Não estou com a atenção voltada para essa questão, embora chegue ao meu conhecimento a simpatia que o presidente Lula tem.

Quando Lula fala sobre isso, o que o senhor responde?

[Rindo] Digo para ele que eu acho complexa a ideia, de difícil execução.

E ele?

Ele ri.

Já o PT não gosta do senhor?

Eu não sei, sinceramente. Eu não sei te responder. Não sei nem se é verdade isso. Eu conheço a opinião do PT por notas anônimas em jornais. E eu não posso confiar porque ninguém se apresenta. Eu quero crer que não tenha ninguém... Como é que eu vou me pronunciar sobre isso? Não tem como.

O PT tem dificuldades com parte da classe média, especialmente em SP.
Na polêmica que envolveu o artigo do Fernando Henrique Cardoso sobre a questão da classe média, alguns jornais fizeram questão de frisar que o PT também tinha interesse nesse segmento. E ficou muito claro que o PT quer ampliar o seu eleitorado sem abdicar do povão. A sinalização [de FHC] era de quase desistência de disputar o voto das camadas populares, o que não cai bem num partido que se diz social-democrata. A oposição está numa encruzilhada. Um de seus integrantes [Jorge Bornhausen] já disse que ela está sem líder. Outro [José Serra], que está sem rumo. Não é só o sucesso do governo que explica isso. E aí eu entro num tema, que é o da relação da oposição com a mídia. A parte mais doutrinária da imprensa -estou falando da mais doutrinária, não de toda a imprensa- prestou mais serviços ao governo do que à oposição.

Como assim?

O governo melhora com a crítica da imprensa. E ela exerceu esse papel no governo Lula como eu nunca vi. Ponto para a imprensa. E ponto para o governo, que soube reagir e terminar bem avaliado. Acuada, a oposição, em vez de buscar compreender o que acontecia na sociedade e disputar o voto do eleitor, preferiu se abrigar nesse guarda-chuva doutrinário, mais conservador, que lhe parecia seguro. E essa situação demonstrou ser muito ineficiente do ponto de vista da disputa eleitoral. Na campanha presidencial, o candidato da oposição disse que o Banco Central não é a Santa Sé. A reação dessa imprensa doutrinária foi tão forte que ele foi obrigado a realinhar o discurso. E aí não ficou com uma, mas com duas Santas Sés: o BC e a igreja. Veja a armadilha que se criou. Esse exemplo é paradigmático.

Falta mão de obra qualificada no Brasil. Vocês governam há oito anos. Não faltou ver isso antes?

Faltou ver bem antes, eu diria. E nós vimos. Tanto é que dobramos as vagas nas federais e estamos triplicando as vagas nos institutos que formam técnicos. Em dez anos, triplicamos o número de graduados no país, multiplicamos por mais de dois o número de técnicos formados.

Mas não foi suficiente.

Essa sensação de falta de mão de obra qualificada vai se diluir no tempo. Nós estamos num ritmo em que oferta e demanda vão se encontrar logo adiante.

E a qualidade? Indicadores como o Pisa [exame que avalia estudantes de vários países] mostram o Brasil em 53º lugar entre 65 nações pesquisadas.

Em 2000, nós ficamos em último lugar no Pisa. Em uma década, superamos 15 países. O Brasil foi o terceiro em evolução. Em nove anos, reduzimos à metade a distância que nos separava do México. Superamos países com mais tradição que a nossa, como a Argentina, que não teve a metade dos nossos problemas históricos, de escravidão, patriarcalismo. E tem a questão federativa. Veja os EUA, também federativo: é o maior PIB do mundo e está em 30º lugar no Pisa. Uma coisa é a educação num Estado unitário, como a França. Outra é num país com a dimensão do nosso e a autonomia dos Estados. Aqui, o MEC só tem papel indutivo, nós não temos gestão sobre a rede.

Há uma questão polêmica em São Paulo que é a política de bônus para professores, por desempenho das escolas ou notas deles em uma prova. O que o senhor acha?

Nós definimos metas de qualidade para cada escola e para cada rede em 2007. E deixamos a critério dos entes estabelecer as estratégias para o atingimento das metas. Era a oportunidade de transformar o Brasil num laboratório de experiências pedagógicas e de políticas educacionais. Com várias estratégias, os Estados têm cumprido as metas, inclusive SP. Mas teve um sinal amarelo agora no Saresp [avaliação estadual] porque a nota caiu. Não vejo chance de uma política de bônus dar certo contra os professores. E eu tenho tido notícias de que tem havido da parte do governo do Estado mais abertura para ouvir a categoria. Todo mundo defende a política de promoção por mérito. A questão são os termos, se você vai promover pela avaliação dos alunos, pela prova do professor. É um bom debate.

Fonte - http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1605201115.htm

Aumento da produção científica brasileira não se reflete em maior número de patentes

Um país onde muito se pesquisa e pouco sai do papel. É este o Brasil destacado por um levantamento inédito do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), realizado entre estabelecimentos de pesquisa não-acadêmicos. A pequena quantidade de pedidos de patentes, segundo os autores do estudo, mostra a dificuldade para aplicar, na prática, os investimentos públicos em ciência, que aumentaram significativamente nos últimos anos. Em 2009, o Brasil publicou 32 mil artigos em publicações científicas, o que equivale a 54% da produção latino-americana e 2,7% da mundial.

Foram contabilizados 673 pedidos de patentes entre 1990 e 2007. As instituições que encabeçam o ranking das invenções são ligadas a secretarias estaduais ou ministérios, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo (IPT) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Com a patente, o pesquisador ganha um título de propriedade temporária sobre aquela invenção, para que possa desenvolver seu produto sem concorrência. Se não pedir a patente, qualquer competidor pode apropriar-se do seu objeto de trabalho. É um procedimento básico para diversas áreas científicas - embora, em algumas, o objetivo do trabalho seja apenas gerar conhecimento, sem resultados imediatos.

Alguns cientistas contentam-se em apresentar seus estudos em revistas científicas, congressos e seminários. Como, depois de uma apresentação em público, não é mais permitido patentear o trabalho, acabam sem registrá-lo.
- Os pesquisadores ainda não estão preocupados em fazer de seus trabalhos um bem intangível - lamenta Luciana Goulart de Oliveira, do Inpi, que assina o levantamento com Jeziel da Silva Nunes. - Mais de metade do que se gasta com pesquisa vem de fundos públicos. E o que é público deveria gerar resultado. Então, há muito dinheiro investido e pouco repassado para a sociedade, na forma de resultados.

Pouco envolvimento das empresas

A prevalência do Estado, seja como financiador ou patenteador, é uma situação oposta à observada nos EUA e em boa parte da União Europeia. Lá, a iniciativa privada domina o investimento e registro de novos produtos.
- Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, em 2008 havia 152 mil pesquisadores em instituições de pesquisa e 54 mil no setor empresarial - destaca Luciana. - Ainda não há a mentalidade de levar esses estudiosos para passar o seu know-how ao mercado.

De acordo com o levantamento no Inpi, a falta de pesquisadores nas empresas é ruim para a economia. Uma empresa que não mantém seu corpo de pesquisadores não se diferencia das demais. Sem o investimento em diferenciais, como novas tecnologias, ela está indefesa contra uma série de obstáculos.
- No setor elétrico, as fábricas de tomadas, por exemplo, estão se extinguindo, porque é mais fácil comprar da China. Lá o custo de produção é menor, por causa da mão de obra extremamente barata - explica Luciana. - O mesmo ocorre com os setores calçadista, eletrônico, de máquinas e equipamentos. São casos assim que nos fazem ler tanto atualmente sobre a desindustrialização do Brasil. Estamos perdendo uma base industrial altamente empregadora.

Dois anos atrás, o Inpi conferiu quais, entre as universidades, eram as maiores depositantes de patentes - e, assim, deparou-se com nomes como USP, UFRJ e Unicamp. Agora, enveredou sua pesquisa pela primeira vez para as instituições não-acadêmicas.
- É o primeiro levantamento do gênero feito no Brasil - ressalta Luciana. - Fizemos justamente para estabelecer uma série histórica. Assim, no futuro, podemos atribuir o fato de uma década ser mais ou menos produtiva a determinada política pública, incentivo.

Os pedidos de patentes foram, proporcionalmente, mais numerosos nos anos 2000 do que nos anos 90. Esta mudança deve-se a uma revisão na Lei de Propriedade Industrial, em 1996, que derrubou a proibição ao patenteamento de remédios e alimentos, e ao próprio desenvolvimento do setor de pesquisa do país.
Outro dado que chamou atenção, dado o tamanho do país e sua quantidade de pesquisadores, é como a pesquisa científica está concentrada em poucas mãos. Dos 673 depósitos de patentes identificados, 91% vêm de apenas 18 instituições.
Para Jerson Lima Silva, diretor científico da Faperj e da Academia Brasileira de Ciências, falta uma maior interação entre os pesquisadores e o Inpi.
- O tempo de tramitação de um pedido de patente pode demorar até sete anos. É algo que desagrada muitos pesquisadores, embora não possa ser reduzido para apenas alguns meses - pondera. - Mas também precisamos destacar que, em áreas que somos fortes, como a agricultura e a produção de jatos, não é necessário o depósito de tantas patentes como na produção de automóveis, por exemplo. Neste caso, as mudanças na montagem são muito mais frequentes, e cada uma precisa ser protegida por um novo documento.

Silva assinala que, embora o pedido de patentes ainda seja aquém do desejado, as pesquisas brasileiras têm sido cada vez mais citadas em trabalhos estrangeiros - inclusive em depósitos de patentes.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/05/11/aumento-da-producao-cientifica-brasileira-nao-se-reflete-em-maior-numero-de-patentes-diz-estudo-924437395.asp#ixzz1MYRyzxzg

A diretoria de Combate ao Racismo da UNE denuncia o Extermínio da Juventude Negra no País.


Para os/as que tiveram oportunidade de participar do III ENUNE, no final de maio deste ano o sentimento foi de que temos uma agenda extensa para combater o racismo na educação e nas universidades. Durante três dias fizemos a avaliação do plano de ações afirmativas implementado em diversas universidades no Brasil. Dialogamos sobre a falta de assistência estudantil para os/as negros e negras que engrossam as parcelas de ingressos/as no ensino superior e sobre as estratégias de descolonização do conhecimento. Porém a denuncia que perpassou todo o encontro foi o motivo mais predominante para que esta juventude não estivesse nas salas de aula: O seu extermínio.

Na plenária final formulamos um chamado para o Grande Ato Contra o Extermínio da Juventude Negra, que acontecerá no 52° Congresso da UNE, em Goiânia, entre os dias 13 e 17 de Julho.

Segue abaixo o artigo da Diretoria de Combate ao Racismo da UNE que reforça essa agenda e que convoca a todas e todos para estarmos juntos nessa luta!







Combater o racismo e promover a igualdade:
Essa luta nos UNE


Clédisson Júnior*
Liliane Oliveira**

Entre os dias 13 a 17 de julho de 2011, na cidade de Goiânia – GO, a União Nacional dos Estudantes (UNE) promoverá seu 52 º Congresso, que para além de eleger sua nova direção, também atualizará sua plataforma de ação para o biênio 2011-2013.

Para o 52 º CONUNE são esperados um número superior a dez mil jovens estudantes de todo o Brasil, o que já o torna o maior congresso já construído pela nossa entidade.

Fruto de um momento histórico na vida de brasileiras e brasileiros, o ensino superior em nosso país vive um novo e desafiador paradigma, nunca tantos jovens negros e negras estiveram presentes nos bancos universitários, presença esta que tem a importante atribuição de reconfigurar o papel que a universidade brasileira vem cumprindo no últimos séculos, sendo ela instrumento de formação de uma classe dirigente pertencente a uma elite que nunca dialogou com a realidade do povo brasileiro e sua necessaria emancipação.

Instrumentos como o programa “Universidade para Todos” (Prouni), as recentes vitorias conquistadas junto a mais de 80 instituições de ensino superior publico em diversos estados, que hoje adotam políticas de ações afirmativas para acesso da população negra assim como a conquista do Novo Enem, estão cumprindo a importante tarefa de levar ao conjunto de nossa sociedade, a discussão sobre existência do racismo em nosso país e a necessidade de desenvolvermos uma profunda dinâmica de reparação, visando igualar em níveis socioeconômicos e políticos a grande parcela negra da nossa população.


No último período a UNE pautada pela coerência, de forma acertada optou por estreitar suas relações com as organizações que constroem o movimento negro brasileiro, a fim de apreender com as experiências deste segmento que ao longo de nossa história, se tornou o principal porta voz das necessidades do povo negro em nosso país. Este processo nos permitiu acumular perspectivas acerca das lutas anti-discriminatórias e o desenvolvimento de uma plataforma de combate ao racismo que dialogasse com a realidade vivida pelo grande contingente de jovens negros e negras que hoje compõe o corpo discente nas universidades em todo o Brasil.


De forma a potencializarmos nossa atuação, seja ela na formulação sobre as políticas educacionais, seja em nossa incidência quanto ao combate às práticas racistas vivenciadas pelos estudantes negros e negras, assim como a defesa das políticas de ações afirmativas com centralidade nas cotas raciais, construímos uma inédita aliança com as principais organizações nacionais e coletivos regionais do movimento negro brasileiro.

Esta aliança nos permitiu desenvolver um novo olhar para a dura realidade enfrentada pela juventude negra em nosso país, realidade essa que vem cerceando nossa juventude do seu direito maiselementar, o direito a vida.


Deparamo-nos com o aterrorizante quadro de extermínio sistêmico da nossa juventude negra, quadro esse que em sua maioria dos casos são implementados pelo aparelho de segurança do Estado, o mesmo Estado que deveria garantir direitos promovendo a igualdade de oportunidades e a conquista da cidadania.


A defesa das políticas de ações afirmativas para acesso da população negra no ensino superior pouco surtirá efeito se os jovens negros continuarem sendo mortos nas periferias de nossas cidades e nos campos.

Para o próximo período a UNE estará entre as organizações que busca evidenciar a existência e a denuncia do genocídio dos jovens negros em nosso país, colocando a disposição desta luta seu maior patrimônio, o nosso grande potencial de mobilização.

Este processo perpassa por apresentarmos que o machismo, a homofobia e o racismo dialogam de modo a perpetuar e potencializar a exploração e opressão vivenciada pelas jovens negras e negros cotidianamente. A consolidação de uma plataforma de ações e políticas globais de enfrentamento às opressões, com atenção especial às jovens negras, é tarefa que o conjunto do movimento estudantil deve se debruçar e construir em cada canto do Brasil.

O extermínio da juventude negra se dá de diversas formas, atingindo de modo cruel e excludente as mulheres negras. Para combatê-lo faz-se necessário a luta contra a mercantilização do corpo e da vida das mulheres, a defesa da autonomia sobre seus corpos e sua sexualidade, além da defesa intransigente da descriminalização e legalização do aborto, sendo estes, elementos centrais para avançarmos na garantia de direitos às mulheres tendo muita centralidade as ações direcionadas às jovens mulheres negras, elemento constitutivo de nossa ampla estratégia para o próximo período


O aprofundamento democrático se constitui como sendo um dos nossos principais nortes estratégicos, nos posicionando entre as organizações do movimento social brasileiro que compreende a importância das discussões sobre a reforma política em nosso país. Não acreditamos em meia democracia ou uma democracia para poucos, o processo sobre a reforma política somente atenderá seu propósito, reparando a divida histórica que o Estado brasileiro tem com sua população negra, no que diz respeito aos seus direitos políticos, que foram deliberadamente negligenciados ao longo de nossa historia e que ainda hoje enfrentamos suas conseqüências.

Para que a universidade brasileira cumpra sua missão de ser o centro de excelência na produção do conhecimento emancipador e na formação de quadros dirigentes comprometidos com o desenvolvimento de nossa sociedade aceitamos o desafio de promovermos uma profunda campanha visando a descolonização do conhecimento e o combate ao epstemicídio, que sistematicamente nega a contribuição dos povos africanos e seus descendentes na produção do saber e na construção de nosso identidade.


Uma universidade comprometida com o desenvolvimento de nosso povo traz para seu interior a realidade deste povo assim como ele próprio.


Nossa plataforma vem sendo construída coletivamente e se encontra em pleno desenvolvimento, a UNE chama para si a co-responsabilidade de construí-la junto aos estudantes de todo o Brasil, negros e não negros.


Convidamos todos e todas para o nosso 52 º congresso, certos de que faremos deste espaço um grande encontro da juventude negra, certos que faremos deste congresso uma verdadeira Kizomba.



*Clédisson Júnior é diretor de Combate ao Racismo da UNE
**Liliane Oliveira é secretaria geral da União dos Estudantes da Bahia – UEB