terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Construindo uma ciranda de lutas na Universidade


                                                                                                                                                                       *Por Yasmin Ferraz


Mais uma vez o movimento estudantil organizado da Universidade Federal da Bahia se mobilizou para mostrar sua pluralidade e capacidade de formulação. As eleições para o DCE foi sempre um espaço privilegiado de debate dos rumos da nossa universidade organizando como o ME pode intervir nesse processo. A vitoria expressiva da CHAPA 1 – Ciranda de Lutas – com mais de 58% dos votos – nos mostra quão bem-sucedido é o projeto democrático e popular que esse amplo campo formado por diversos coletivos (Kizomba, O Estopim, Quilombo, Ousar ser Diferente, Flores de Maio e Reencantar) traz para o conjunto dos estudantes e da universidade. Parabéns às outras chapas, que entraram na disputa, mobilizando suas bases sociais e construindo o debate necessário para que essa vitória fosse do conjunto do Movimento estudantil.

Hoje temos um cenário de uma universidade que consolida seu projeto de expansão, mas sem o debate necessário de que caminhos trilhar e que objetivos essa expansão cumpri. A UFBa hoje tem campi em Barreiras e Vitoria da Conquista, e já sinalizou sua ampliação para Camaçari, mas ainda não temos a integração e o sentimento de unidade entre esses campi geograficamente e socialmente afastados da realidade dos campi Salvador. 

A universidade tem mais trabalhadoras e trabalhadores, mais mulheres, mais negros e negras, indígenas, LGBT, mas a configuração do ensino, pesquisa extensão da UFBa continua a não contemplar essas novas realidades. Temos uma universidade que ainda não se atenta para um plano de permanência que realmente de conta das necessidades do conjunto das/dos estudantes não só para a conclusão do seu curso, mas do conjunto pré entrada, permanência e pós permanência.

O campo que vem dirigindo essas lutas há 4 gestões e os novos atores e atrizes que se aproximam desta composição garantem não só a renovação, mas a transformação de nossas pautas para que se adéqüem à dinâmica realidade universitária. A gestão Primavera nos Dentes apontou diretrizes concretas no sentido de construir a universidade democrática e popular, através de campanhas importantes como a dos 15% do orçamento da UFBa para assistência estudantil, do Orçamento Universitário Participativo, a construção da plebiscito pelo limite da terra, o UFA, o ciclo de debates de mulheres, I Seminário de Integração da Universidade com as Comunidades e movimentos sociais, além de ter sediado e ajudado a construir o Encontro de Mulheres da UNE – EME e o Encontro de Estudantes Negros, Negras e Cotistas da UNE – ENUNE. 

E para além das mobilizações, a construção desta gestão se deu com muita referencia de uma nova cultura política para nosso movimento estudantil, construindo uma entidade mais democrática, inclusiva e participativa, que conseguiu trazer as entidades de base e os estudantes em geral para o dialogo e a edificação de uma gestão que estabeleceu nortes para nossa luta. Desenvolvimento das pautas das mulheres, negros e negras, LGBT, novas reflexões sobre a cultura, meio ambiente, direitos humanos e acessibilidade, assim como as pautas de área foram centrais para uma maior reflexão sobre a função social da universidade e seu poder transformador.

Teremos um próximo período de protagonismo de lutas históricas na nossa universidade. Temos que garantir que a universidade se abra para a integração com a comunidade – em uma relação de cooperação, de construção conjunta e não mais unilateral -, lutar pela descolonização do conhecimento - mas agora com mais força social para pautar o conhecimento que queremos-, desburocratizar os espaços acadêmicos, e principalmente a democratizar todos os espaços. E tudo isso começa com um DCE que constrói essas pautas democraticamente em seu dia-a-dia e que assume uma postura autônoma, combativa e propositiva.

No ultimo período nos deparamos com uma ampla articulação das e dos estudantes entorno das pautas que nos unifica para as mudanças na UFBa que garantiu vitorias para o conjunto da nossa universidade. Foi uma experiência única, que nos possibilitou vislumbrar um futuro de luta e construção de uma alternativa para a organização do movimento estudantil. 

Para levar a frente esse estado de efervescência do movimento, temos que continuar o dialogo entre os diversos setores que compõem e protagonizam a luta dos estudantes e nos unir aos outros tantos movimentos sociais que se responsabilizam pelos rumos da nossa sociedade e pela transformação da universidade construindo um modelo de desenvolvimento que respeite o meio ambiente, as diferenças, que forme cidadãos que enxerguem a diversidade como um valor fundamental de uma sociedade democrática e não um problema a ser combatido, construindo assim uma verdadeira CIRANDA DE LUTAS.

*Yasmin é graduanda do Bacharelado Intedisciplinar em Saúde pela UFBa, militante da Marcha Mundial das Mulheres e Coordenadora Geral do DCE UFBa - Gestão Ciranda de Lutas.

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