segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

UBES debate combate ao racismo

38º Congresso da UBES em Minas Gerais

Secundarista, prepare sua mochila: na próxima semana, dia 10, tem início o 38º Congresso da UBES, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Saiba mais sobre o evento, que reunirá estudantes de todo o Brasil.

Belo Horizonte, mais especificamente a Universidade Federal de Minas Gerais, campus Pampulha, será palco do 38º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, que reunirá estudantes de todo o Brasil de 10 a 13 de dezembro de 2009. Os secundaristas devem se dirigir ao Coltec, Colégio Técnico da UFMG, para o credenciamento. Os debates acontecerão nos auditórios da Universidade.

Mais de 2300 delegados representando escolas de 26 estados brasileiros (mais o Distrito Federal) vão escolher o novo presidente e a diretoria da UBES. Eles foram eleitos nas etapas estaduais, realizadas durante os meses de outubro e novembro que mobilizaram 5,6 milhões de estudantes em mais de 25 mil escolas em todas as regiões do país

Mesa de Debate: Combate ao Racismo

Data: 11 de Dezembro às 9 horas
Local: Auditório da UFMG –Campus Pampulha

-Edson Santos – Exmo. Ministro da Secretaria Especial de Políticas de Igualdade
Racial-Seppir

-Alexandre Braga-UNEGRO Nacional

-Cledisson Junior( Jacaré )–Diretor de Combate ao Racismo – UNE

FONTE: www.une.org.br

Maioria dos jovens analfabetos são negros


Publicado em 04.12.2009

BRASÍLIA – O índice de analfabetismo entre jovens negros é duas vezes maior que entre brancos, segundo um levantamento divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Contudo, a distância entre os dois grupos encurtou nos últimos 10 anos: em 1998, o analfabetismo entre jovens negros era quase três vezes maior que entre os brancos.

No ensino médio, o número de jovens brancos que frequenta a escola é 44,5% maior em comparação ao de negros. Já no ensino superior, a frequência é cerca de três vezes maior entre os brancos.

O estudo do Ipea destaca, no entanto, que houve significativa melhora no nível de adequação educacional entre os jovens negros nos últimos anos. Enquanto se observou entre os brancos certa estagnação, entre os negros a melhoria na frequência ao ensino médio é bastante significativa: em 10 anos, quase duplicou.

No que diz respeito à renda, a disparidade é alarmante. De 2004 a 2008, a diferença entre as rendas médias dos negros e dos brancos no Brasil aumentou R$ 52,92. O estudo também revela que a renda média dos brancos aumentou 2,15 vezes no período, enquanto a dos negros teve aumento de apenas 1,99 vez.

O levantamento do Ipea foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consideram-se jovens aqueles entre 15 e 29 anos, uma população que soma hoje 49,7 milhões de pessoas, cerca de 26,2% da população brasileira.

ESCOLARIDADE

O estudo do Ipea também destaca que a situação educacional de brasileiros com idades entre 15 e 29 anos mostra avanços. De acordo com a pesquisa, os jovens, atualmente, conseguem passar mais tempo em sala de aula e ter maior escolaridade do que os adultos.

Em 1998, a média de anos de estudo entre pessoas de 15 a 24 anos era 6,8. No ano passado, a média era de 8,7 anos de estudo entre jovens de 18 a 24 anos. Já no grupo de 25 a 29 anos, a média chegou a 9,2 – 3,2 anos de estudo a mais do que entre a população acima dos 40 anos.

Fonte: http://www.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=12955

Acadêmicos amestrados

Por Idelber Avelar [Quarta-Feira, 2 de Dezembro de 2009 às 16:26hs]

Se um marciano aterrissasse hoje no Brasil e se informasse pela Rede Globo e pelos três jornalões, seria difícil que nosso extra-terrestre escapasse da conclusão de que o maior filósofo brasileiro se chama Roberto Romano; que nosso grande cientista político é Bolívar Lamounier; que Marco Antonio Villa é o cume da historiografia nacional; que nossa maior antropóloga é Yvonne Maggie, e que o maior especialista em relações raciais é Demétrio Magnoli. Trata-se de outro monólogo que a mídia nos impõe com graus inauditos de desfaçatez: a mitologia do especialista convocado para validar as posições da própria mídia. Curiosamente, são sempre os mesmos.

Se você for acadêmico e quiser espaço na mídia brasileira, o processo é simples. Basta lançar-se numa cruzada contra as cotas raciais, escrever platitudes demonstrando que o racismo no Brasil não existe, construir sofismas que concluam que a política externa do Itamaraty é um desastre, armar gráficos pseudocientíficos provando que o Bolsa Família inibe a geração de empregos. Estará garantido o espaço, ainda que, como acadêmico, o seu histórico na disciplina seja bastante modesto.

Mesmo pessoas bem informadas pensaram, durante os anos 90, que o elogio ao neoliberalismo, à contenção do gasto público e à sanha privatizadora era uma unanimidade entre os economistas. Na economia, ao contrário das outras disciplinas, a mídia possuía um leque mais amplo de especialistas para avalizar sua ideologia. A força da voz dos especialistas foi considerável e criou um efeito de manada. Eles falavam em nome da racionalidade, da verdade científica, da inexorável matemática. A verdade, evidentemente, é que essa unanimidade jamais existiu. De Maria da Conceição Tavares a Joseph Stiglitz, uma série de economistas com obra reconhecida no mundo apontou o beco sem saída das políticas de liquidação do patrimônio público. Chris Harman, economista britânico de formação marxista, previu o atual colapso do mercado financeiro na época em que os especialistas da mídia repetiam a mesma fórmula neoliberal e pontificavam sobre a “morte de Marx”. Foi ridicularizado como dinossauro e até hoje não ouviu qualquer pedido de desculpas dos papagaios da cantilena do FMI.

Há uma razão pela qual não uso aspas na palavra especialistas ou nos títulos dos acadêmicos amestrados da mídia. Villa é historiador mesmo, Maggie é antropóloga de verdade, o título de filósofo de Roberto Romano foi conquistado com méritos. Não acho válido usar com eles a desqualificação que eles usam com os demais. No entanto, o fato indiscutível é que eles não são, nem de longe, os cumes das suas respectivas disciplinas no Brasil. Sua visibilidade foi conquistada a partir da própria mídia. Não é um reflexo de reconhecimento conquistado antes na universidade, a partir do qual os meios de comunicação os teriam buscado para opinar como autoridades. É um uso desonesto, feito pela mídia, da autoridade do diploma, convocado para validar uma opinião definida a priori. É lamentável que um acadêmico, cujo primeiro compromisso deveria ser com a busca da verdade, se preste a esse jogo. O prêmio é a visibilidade que a mídia pode emprestar – cada vez menor, diga-se de passagem. O preço é altíssimo: a perda da credibilidade.

O Brasil possui filósofos reconhecidos mundialmente, mas Roberto Romano não é um deles. Visite, em qualquer país, um colóquio sobre a obra de Espinosa, pensador singular do século XVII. É impensável que alguém ali não conheça Marilena Chauí, saudada nos quatro cantos do planeta pelo seu A Nervura do Real, obra de 941 páginas, acompanhada de outras 240 páginas de notas, que revoluciona a compreensão de Espinosa como filósofo da potência e da liberdade. Uma vez, num congresso, apresentei a um filósofo holandês uma seleção das coisas ditas sobre Marilena na mídia brasileira, especialmente na revista Veja. Tive que mostrar arquivos pdf para que o colega não me acusasse de mentiroso. Ele não conseguia entender como uma especialista desse quilate, admirada em todo o mundo, pudesse ser chamada de “vagabunda” pela revista semanal de maior circulação no seu próprio país.

Enquanto isso, Roberto Romano é apresentado como “o filósofo” pelo jornal O Globo, ao qual dá entrevistas em que acusa o blog da Petrobras de “terrorismo de Estado”. Terrorismo de Estado! Um blog! Está lá: O Globo, 10 de junho de 2009. Na época, matutei cá com meus botões: o que pensará uma vítima de terrorismo de Estado real – por exemplo, uma família palestina expulsa de seu lar, com o filho espancado por soldados israelenses – se lhe disséssemos que um filósofo qualifica como “terrorismo de Estado” a inauguração de um blog em que uma empresa pública reproduz as entrevistas com ela feitas pela mídia? É a esse triste papel que se prestam os acadêmicos amestrados, em troca de algumas migalhas de visibilidade.

A lambança mais patética aconteceu recentemente. Em artigo na Folha de São Paulo, Marco Antonio Villa qualificava a política externa do Itamaraty de “trapalhadas” e chamava Celso Amorim de “líder estudantil” e “cavalo de troia de bufões latino-americanos”. Poucos dias depois, a respeitadíssima revista Foreign Policy – que não tem nada de esquerdista – apresentava o que era, segundo ela, a chave do sucesso da política externa do governo Lula: Celso Amorim, o “melhor chanceler do mundo”, nas palavras da própria revista. Nenhum contraponto a Villa jamais foi publicado pela Folha.

Poucos países possuem um acervo acadêmico tão qualificado sobre relações raciais como o Brasil. Na mídia, os “especialistas” sobre isso – agora sim, com aspas – são Yvonne Maggie, antropóloga que depois de um único livro decidiu fazer uma carreira baseada exclusivamente no combate às cotas, e Demétrio Magnoli, o inacreditável geógrafo que, a partir da inexistência biológica das raças, conclui que o racismo deve ser algum tipo de miragem que só existe na cabeça dos negros e dos petistas.

Por isso, caro leitor, ao ver algum veículo de mídia apresentar um especialista, não deixe de fazer as perguntas indispensáveis: quem é ele? Qual é o seu cacife na disciplina? Por que está ali? Quais serão os outros pontos de vista existentes na mesma disciplina? Quantas vezes esses pontos de vista foram contemplados pelo mesmo veículo? No caso da mídia brasileira, as respostas a essas perguntas são verdadeiras vergonhas nacionais.

Essa matéria é parte integrante da edição impressa da Fórum de novembro. Nas bancas.


Fonte: Revista Fórum www.revistaforum.com.br/

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Moção de aplauso ao Diretório Central dos Estudantes da UFBa


Apresentamos nosso apoio ao movimento estudantil da Universidade Federal da Bahia, através da entidade representativa, o Diretório Central dos/as Estudantes, pela criação da Diretoria de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais no seu VI Congresso dos/as Estudantes, realizado no início do mês de novembro.

O DCE e os/as estudantes da UFBa fazem história ao demonstrar que o combate à homofobia não é compromisso apenas do movimento LGBT, mas uma responsabilidade de toda a sociedade. Também reforça os laços de solidariedade entre os movimentos sociais em luta por uma nação justa, livre e igualitária, o que necessariamente passa por uma universidade sem homofobia.


Sabendo que essa vitória também é responsabilidade do movimento LGBT organizado na UFBa, também parabenizamos o Coletivo Universitário pela Diversidade Sexual – Kiu! e a toda a militância LGBT organizada na universidade.


Aproveitamos para reforçar com o movimento estudantil a relação de respeito, diálogo e apoio mútuo nas lutas que travamos juntos e juntas pela diversidade na universidade e na sociedade.


Plenária final do III Seminário de Fortalecimento do Fórum Baiano LGBT

Salvador, 26 de novembro de 2006


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Alunos da FACOM e de Psicologia promovem ações em repúdio ao caso da UNIBAN





Depois da expulsão da aluna Geisy da UNIBAN "em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade" - como afirmou a reitoria da Universidade -, o Núcleo da Marcha Mundial de Mulheres (MMM) na UFBA decidiu estimular estudantes dos mais diversos Institutos da nossa Universidade a realizarem manifestações de repúdio ao ocorrido.
"A ideia era que cada instituto ou curso fizesse uma intervenção no seu espaço, mostrando sua indignação quanto ao caso e fazendo o debate sobre o machismo na universidade e a educação sexista que estes espaços ainda carregam", como conta Tamara Terso - estudante da Faculdade de Comunicação, militante da Marcha e Diretora de Gênero DCE da UFBA. Até agora, duas manifestações foram realizadas na UFBA, uma de forma independente, a "Tarde da mini-saia" (no Instituto de Psicologia) e, outra ocasionada pelo estímulo do MMM, a oficina de cartazes na FACOM.
Os cartazes espalhados pela FACOM chamaram a atenção dos estudantes mas, como afirma Tamara, a intenção era lutar por um ideal que vai muito além de um fato específico como o ocorrido na Universidade Bandeirante de São Paulo. "Conseguimos chamar a atenção, também, para a nossa própria faculdade, que ainda é estruturada pelo machismo e o sexismo". "Ouvimos muitas coisas nos últimos dias, a maioria foram críticas a respeito da precariedade dos cartazes. A resposta que nós, mulheres organizadas damos a isso é que continuaremos mobilizadas até que as mulheres sejam livres. Quanto a acusação de precariedade, a semiótica inserida aí é fazer frente a mesma precariedade de mentes ainda existente na academia, que resulta em cenas lastimáveis como as da UNIBAN", finaliza a estudante.

Fonte: http://dizaiufba.blogspot.com/2009/11/nucleo-da-marcha-mundial-das-mulheres.html

Ciclo de Debates Itinerantes: Mulheres em Movimento Mudam a Universidade - Aborto...O que todas nós temos a ver com isso?





Mais de 800 mulheres morreram na Bahia, em cinco anos, de causas maternas. Em Salvador, o aborto inseguro é a primeira causa isolada dessas mortes. De janeiro de 2007 a agosto de 2008, aproximadamente, 32 mil mulheres foram atendidas na rede pública baiana em decorrência de complicações pós aborto. Para enfrentar este problema, nós, mulheres estudantes da UFBA, integrantes do núcleo da Marcha Mundial das Mulheres, convidamos a todas e todos para o debate: Aborto: O que nós temos a ver com isso?

“Enquanto o aborto for considerado crime, a mulher continuará tendo a cidadania reduzida. É uma situação muito perversa. Aqui no Brasil, se uma mulher disser que fez um aborto, pode ser processada e até presa. Ao mesmo tempo, mulheres ainda perdem emprego porque estão grávidas. Quantos empregadores admitem mulheres grávidas? Quantas creches públicas e escolas de educação infantil existem disponíveis?”, Lena Souza.

Nós defendemos que o aborto deve ser visto como um problema de saúde pública que, quando negligenciado, leva mulheres à morte. “Ao colocar o aborto na clandestinidade, elas são empurradas para práticas inseguras”, Profª Greice Menezes.

Dossiê sobre a realidade do aborto na Bahia, organizado pelo Instituto Mulheres pela Atenção Integral à Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos (IMAIS), no ano passado, mostra que a curetagem pós-aborto aparece como o segundo procedimento mais frequente na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Só em 2007 foram realizadas 8.387 curetagens em Salvador. Isso significa quase 699 por mês, 23 por dia e 01 a cada hora.

Esta não é uma realidade exclusiva da Bahia. Pesquisas sobre o aborto no Brasil mostram que a ilegalidade traz consequências negativas para a saúde das mulheres, pouco coíbe a prática e propaga a desigualdade social. O risco imposto é, sobretudo, vivido pelas mulheres pobres e pelas que não têm acesso aos recursos médicos.

Lutar pela descriminalização é resgatar a dignidade da mulher. Por isso, o nosso empenho é fazer com que a sociedade reconheça o aborto como um problema de saúde pública e um direito das mulheres de decidirem sobre o que fazer sobre o seu corpo. O próprio Ministério da Saúde destaca, em relatório sobre o aborto no país, que enfrentar com seriedade esse fenômeno significa entendê-lo como uma questão de cuidados em saúde e direitos humanos, e não como um ato de infração moral de mulheres levianas.

Ciclo de Debates Itinerantes sobre a Mulher - Quarta Etapa

Aborto... O que nós temos a ver com isso?
Núcleo de Mulheres do Movimento Popular, Católicas pelo Direito de Decidir, Profª Greice Menezes (ISC UFBA), Profª Sílvia (Enfermagem UFBA), Marcha Mundial das Mulheres

Data: 27 de novembro de 2009, às 14 horas
Local: Auditório da Faculdade de Enfermagem UFBA

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Geisy, uma universitária afogada na onda machista e conservadora



O episódio colocou a estudante da Uniban no olho de um furacão reacionário

12/11/2009

Cristiano Navarro

da Redação

Gritos, corre-corre, policiais, bolinhas de papel e xingamentos. As imagens de centenas de estudantes cercando uma moça loira de jaleco branco se espalharam pela internet tão rápido quanto a onda criada nos corredores na Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), em São Bernardo do Campo (SP), que perseguiu e expulsou a estudante do curso de Turismo, Geisy Villa Arruda, no dia 22 de outubro.

Na ocasião, Geisy usava um vestido curto, cor de rosa e, por isso, foi hostilizada, humilhada e duas vezes expulsa por alunos, professores e a reitoria da Uniban.

Apesar das cenas expostas no YouTube, parte dos meios de comunicação se somou a onda da Uniban e passou a criticar a vítima da agressão, apontando “a falta de etiqueta” da moça e seu “microvestido” como responsáveis pela selvageria.

Nos dias seguintes, Geisy foi cercada por programas de rádio, tevê, revistas e jornais impressos. Viu colegas e professores a hostilizarem via imprensa e por isso passou a sentir medo de voltar a estudar.

Em uma posição de dupla moral os meios de comunicação especularam sobre sua vida. De um lado venderam o corpo de uma bonita mulher (inclusive especulando se ela sairia nua em uma revista masculina), por outro condenaram seu comportamento.

uniban_protestoAssim, num sábado, dia 7, a aluna foi expulsa pela reitoria da Uniban que, por meio de seu corpo jurídico, justificou a punição afirmando em nota que a aluna seria excluída “do quadro discente da instituição, em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade”.

Dois dias depois, os questionamentos do Ministério Público Federal, do Ministério da Educação e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e uma manifestação organizada pela União Nacional dos Estudantes e pela Marcha Mundial das Mulheres em frente à universidade surtiram efeito e a aluna foi readmitida no curso de Turismo.

Sinais de que?

O episódio da Uniban traz luzes para aspectos de comportamentos crescentes na sociedade, como o conservadorismo e a despolitização dos jovens nas universidades. Sônia Coelho, militante da Marcha Mundial das Mulheres, conta que durante o protesto em frente à universidade “muitas eram as reações de repúdio contra quem estava protestando”.

“O que mais impressiona neste caso é o conjunto dos absurdos, a reação coletiva. Quem viu no YouTube, viu que realmente foi assustador” afirma Sônia, que completa: “A atitude da Uniban demonstra como a sociedade justifica sua violência contra as mulheres. E quando uma violência como esta é justificada na sociedade, isso estimula e banaliza a agressão. Esta violência não é contra a Geisy. Porque esta é a violência que deixa a mulher insegura, se perguntando se será agredida quando sair a noite na rua, já que um homem pode agredi-la e isso ser justificado na sociedade pelo comportamento da mulher”.

Na opinião de Fabiola Paulino, diretora de mulheres da UNE, as agressões de gênero fazem parte do cotidiano das estudantes do ensino superior de todas as universidades. “A gente sabe que essa é uma opressão cotidiana. Durante os trotes, os estudantes carregam nas ‘brincadeiras’ machistas. A trajetória acadêmica é de humilhação para as mulheres. É possível ver como as mulheres são tratadas como mercadoria nas imagens de cartazes das calouradas e nos convites para as festas das universidades”.

A diretora da UNE afirma que a questão de gênero, dos negros e dos movimentos sociais deveria estar presente nas universidades. “Ao contrário, o que temos, é uma educação cada vez mais mercadológica, contrária a uma educação de princípios e valores emancipatórios”, declara Fabiola.

Para a militante da Marcha Mundial das Mulheres, não só as universidades, mas a educação escolar, desde os primeiros anos, é um dos mais fortes agentes de reprodução da desigualdade e do machismo. Para combater essa violência, o artigo terceiro da Lei Maria da Penha prevê formação escolar que combata a opressão de gênero nas escolas constando “nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher”.

Fonte: Agencia Brasil de Fato
http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/geisy-uma-universitaria-afogada-na-onda-machista-e-conservadora

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

TESE DO CAMPO OUSAR SER DIFERENTE AO O 6° CONGRESSO DE ESTUDANTES DA UFBA.






“Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza e temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.”
Boaventura de Souza Santos

Universidade Popular só com integração com a comunidade!

Há quatro anos os estudantes da UFBA não atualizam formalmente suas pautas políticas, porém isso não quer dizer que neste período se deixou de fazer lutas em defesa de uma educação de qualidade, de permanência dos estudantes da universidade e principalmente por mais democracia nas formas de deliberação, muitas vezes operadas com tirania e violência pela administração central desta universidade.
O ultimo congresso de estudantes, realizado em 2005, não representou avanço para o ME e para o conjunto de estudantes não organizados. De lá para cá muita coisa mudou, ocupações aconteceram, o REUNI foi aprovado de forma ilegítima, novos cursos e modalidades de graduação foram criados, o sistema de cotas virou realidade, estatutos entraram em processo de reformulação, fundações foram barradas e credenciadas ilegalmente, residências desmoronaram e estruturas foram ampliadas. Todas essas mudanças criam a necessidade de reorganização em torno de uma nova tática e pauta política para o ME, ato que se concretiza na realização do 6° Congresso de Estudantes da UFBA.
Hoje a UFBA passa por um período novo, com mais estudantes nas salas de aula, acompanhado de um perfil socioeconômico diferenciado. A universidade que foi estruturada socialmente para peneirar as/os “grandes cérebros” da sociedade, torna-se cada vez mais, feminina, negra e trabalhadora, porém suas estruturas ainda continuam as mesmas, permeadas de paradoxos que contradizem a propostas de ampliação com qualidade e democratização dos espaços.
U novo projeto de universidade se faz necessário, a partir da entrada de parcelas diferenciadas da sociedade neste espaço. Se sentir parte desta instituição passa primeiramente por fazer parte das discussões e decisões que ela toma, em todos os campos e aspectos. Fazer com que a integração universidade, comunidades e movimentos sociais aconteça passa não pela simples implementação de liberações para uso do espaço físico, mas sim da composição de frentes de decisões junto com estes setores. Nós da Ousar Ser Diferente entendemos que precisamos dialogar com as periferias, as comunidades circunvizinhas e com toda a cidade, a fim de garantir a legitimidade das decisões e pluralidade nas ações. Nos últimos meses esse projeto de universidade democrática e popular sofreu ataques da administração central que quis impor, por força, um novo estatuto sem o devido dialogo e que dentre muitos equívocos, retirava a representação da comunidade baiana do Conselho Universitário, maior espaço de deliberação da UFBA.
É em respostas a esses e a outros ataques que torna nítido a posição da reitoria, conservadora e antidemocrática, que construímos novas alternativas a esse impasse, democratizando cada espaço, derrubando cada obstáculos e pensando para além dos muros da UFBA na perspectiva de construir conhecimento não somente nas salas de aula, mas com a cultura popular, com as mais variadas formas de organização social e com os mais diferentes indivíduos, negros, periféricos, indígenas, mulheres, LGBT’s , lideres comunitários e trabalhadores.

ENTENDENDO A CONSTRUÇÃO DA UNIVERSIDADE

Para compreender o novo modelo de educação apresentado é necessário recorrer ao resgate histórico da construção da universidade no Brasil e principalmente entender as reformas na década de noventa e os diferentes modelos que o Estado apresentou para a educação, entendendo o Estado como um objeto de poder que reflete o contexto ideológico de quem esta representando. Na década de 1990 entendia-se que o Estado deveria deixar de ser responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social por meio da produção de bens e serviços, devendo, fortalecer seu propósito de regulador desse desenvolvimento. Sua função estaria restrita a uma “ação redistribuitiva” dos bens sociais e ao cumprimento do objetivo de garantir a ordem interna e a segurança externa. Para tanto, tornava-se necessário a transferência para o setor privado das atividades que pudessem ser controladas pelo mercado. Como conseqüência imediata, obteve-se a diminuição dos investimentos públicos em saúde e cultura, bem como em educação, incluindo a educação superior e todo o campo de produção de ciência e tecnologia.
A privatização e a constituição do setor público não-estatal seriam os grandes instrumentos de execução dos serviços, que assim não demandariam o exercício do poder do Estado, mas apenas o seu subsídio. Logo, a forte ausência do Estado na educação na década de 90 gerou o grande sucateamento das universidades, o crescimento desregulado das Universidades privadas, a ausência de um modelo educacional que prevalecesse um forte debate cultural, e a construção da Universidade como um setor representativo da “alta Cultura”, pois a ausência das comunidades carentes e de estudantes oriundas destas na Educação Superior permita a exclusão deste debate dentro dos centros educacionais, já que o público alvo das universidades públicas era em sua maioria representada por estudantes de classe média, oriundo de escolas privadas.
Para entender o debate de educação e a intervenção do setor privado como o Banco Mundial é necessário destacar suas recomendações para a educação superior contidas no documento La enseñanza superior: las leciones derivadas de la experiencia (1995), cujas prescrições são claras no sentido de: 1) privatização desse nível de ensino, sobretudo em países como o Brasil, que não conseguiram estabelecer políticas de expansão das oportunidades educacionais pautadas pela garantia de acesso e eqüidade ao ensino fundamental, bem como, pela garantia de um padrão de qualidade a esse nível de ensino;2) estímulo à implementação de novas formas de regulação e gestão das instituições estatais, que permitam alterações e arranjos jurídico-institucionais, visando a busca de novas fontes de recursos junto a iniciativa privada sob o argumento da necessária diversificação das fontes de recursos;
Tais proposições e o histórico de educação na década de noventa foram os principais responsáveis pela destruição da universidade pública, pela reformulação do conceito de educação, pela introdução da iniciativa privada na educação formal, por acentuar a exclusão social no que tange, também, ao espaço educacional e por fomentar o preconceito racial e a educação machista principalmente no quesito renda, já que o direito a universidade pública e a uma educação de qualidade passou a ser mensurado pelo poder do capital, onde a qualidade pode ser quantificada pelo maior preço e a educação passou a ser refém das transformações mercadológicas

A DISPUTA DA EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO ESTUDANTIL

A educação é vista por nós da Ousar Ser Diferente como estratégica para a transformação social, mesmo sabendo que as instituições de ensino trabalham na lógica da classe dominante. Sem uma verdadeira reestruturação da educação, as tão sonhadas transformações pelas quais o movimento estudantil combativo luta, estão fadadas ao fracasso.
Atualmente, Vivemos uma conjuntura histórica permeada por cenários contraditórios, especialmente no que tange às transformações no mundo do trabalho, a crise financeira e ideológica neoliberal, a nova conjuntura política brasileira, a criminalização dos movimentos sociais perante a grande mídia e principalmente a reforma no ensino superior. Dentre os processos sociais e as polêmicas contemporâneas destacam-se as políticas educacionais nas quais envolve a problemática do conhecimento e da formação profissional, face ao processo de reestruturação produtiva do capitalismo global. No caso brasileiro, as questões teóricas centrais que informam essa problemática são também consideradas pelas políticas educacionais em curso no país, destacando dentre outras a atual política relativa aos currículos dos cursos de graduação, a expansão das Universidades e o novo modelo apresentado e implantado pelo MEC denominado Reuni.
O histórico de transformações na educação que a UFBA passou no último período foi complexo, no sentido de como foi pensado e como foram executadas as políticas educacionais advindas principalmente do REUNI.
A tão almejada reestruturação das universidades veio para suprir às necessidades da UFBA, porém a forma anti-democrática pelo qual o projeto foi aprovado evidenciou a falta de dialogo entre a administração central desta universidade e os seguimentos que a compõe, fazendo com que se torne nítido a política vertical operada pela administração desta universidade.
Aprovado o REUNI, é chegada à hora de disputa deste projeto já consolidado e que abre mais de 2.200 vagas a cada semestre. A reestruturação veio acompanhada de um projeto específico, a UNIVERSIDADE NOVA, que implementa os bacharelados interdisciplinares, modalidade diferenciada da graduação tradicional, e que cria novos cursos em turnos que antes eram pouco utilizados, como por exemplo, o noturno. Em contra partida a isso a estrutura física e educacional da UFBA entra na lógica do reativismo. A proporção de crescimento das vagas não é acompanhada por políticas de permanência e estrutura o que dificulta que estas transformações aconteçam com qualidade, acarretando também nos problemas de superlotação das residências precarizadas, falta de livros na biblioteca, ausência de restaurante universitário e tantos outros problemas.
A disputa da educação pelo ME está dada na medida em que uma nova alternativa surge, o Ante-Projeto de Reforma Universitária da UNE, aprovado no 12° CONEB – Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE, realizado em Salvador. Diretrizes como, autonomia universitária, eleições diretas para reitor, criação do fundo nacional de assistência estudantil, entre outros, abre a possibilidade para que um novo projeto universitário surja e contribua para a criação de uma universidade integrada com a sociedade e referenciada nas classes trabalhadoras, movimentos sociais e comunidades tradicionais e urbanas.

POLITICAS DE PERMANENCIA COMO FOCO CENTRAL NA DEMOCRATIZAÇÃO DA UFBA.

Ainda pautado por uma lógica elitista, a UFBA deixa nítida a falta de políticas públicas que permitam ao estudante o acesso e a permanência nos seus cursos. Os dirigentes das instituições pensam que a assistência estudantil é uma “esmola” que pode oferecer para poucos, de acordo com as contingências orçamentárias determinadas pelo que consideram mais urgentes, descumprindo a Lei de Diretrizes Básicas da Educação que, em seu artigo 3°, prevê a igualdade de condições de acesso e permanência na escola.
Dentro dos diversos segmentos que compõem a sociedade brasileira, existem os que consideram a assistência estudantil sem vinculação direta à vida acadêmica e aqueles que vêem as políticas de assistência como privilégio. Mas se o fator socioeconômico não determina o sucesso ou insucesso do aluno, como explicar a diferença entre os alunos que recebem auxílio da universidade daqueles que precisam trabalhar pra permanecer? A falta de uma política de assistência estudantil é a forma discreta que os dirigentes do ensino superior encontraram para barrar a democratização, em processo iniciado pelas adoções de sistemas de cotas, mantendo o ensino superior ainda reservado para quem pode pagar..Enquanto o governo federal torna realidade o Plano Nacional de Assistência Estudantil, deixando nítida a prioridade da permanência do estudante oriundo das classes populares na universidade, assistimos na Ufba a fatos revoltantes nas residências estudantis, como vazamento de gás, alagamento e desabamento de teto. Ainda somos a única federal sem restaurante universitário.O descaso com a Assistência estudantil é tamanho que a reitoria passa muitas vezes a culpar os próprios alunos por sua falta como é o caso da lendária licitação do restaurante universitário de Ondina que segue na Justiça, como reflexo da não priorização da reitoria com a permanência dos estudantes carentes na universidade.A partir deste e de outros fatores foi criada na UFBA o FAE – Fórum de Assistência estudantil, composto por entidades de base, entidades gerais (UNE, UEB, DCE/ UFBA, ACEB), residentes universitários e movimentos sociais diversos, para que o debate sobre a assistência na UFBA ganhasse proporções maiores e atingisse cada campi e demanda específica. Nós da Ousar Ser Diferentes, como campo integrante da atual gestão do DCE da UFBA, estávamos presentes em todas elas e entendemos que o primeiro passo para a superação deste impasse é a construção de um plano de Assistência estudantil específica para a UFBA, formulada pelos/ as estudantes e com a cara das suas necessidades.
Entendemos que a reitoria boicota o estudante carente, prova disso é a volta de muitas/ os estudantes do interior, pela falta de residência, a dificuldade da estudante mãe de seguir os estudos, pela falta de creche, a falta de alimentação acessível e de qualidade, para os alunos moradores de periferia até mesmo as necessidades mais básicas como falta de cota para xérox, livros e etc.O papel da Universidade antes de mais nada é de soberania, logo, não podemos ser soberanos transformado o acesso ao conhecimento em mercantilização. Subsidiar a educação em todos os aspectos é um direito e não um favor, concluindo que só iremos nos tornar de fato soberanos quando a responsabilidade não se restringir apenas ao acesso, mais a permanência e a pós-formação das e dos estudantes da UFBA.

NÃO À MERCANTILIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE

O processo de privatização está se tornando fato recorrente na universidade pública brasileira. Diversos casos estão sendo descobertos ao longo dos anos nas IFES no Brasil. Não obstante a falta de punição o problema tem aumentado, e o senso comum dos docentes tem aceito esta atividade. Pior ainda, muito consideram que a privatização dos espaços públicos dentro da universidade é fundamental para o desempenho satisfatório da mesma.
A questão que se coloca é: é necessário que haja uma instituição que sobrevive com recursos da universidade, utiliza a força e os meios de trabalho da universidade para realizar as tarefas que desempenhas? Se estes recursos já estão disponíveis, porque as atividades não se realizam sem a necessidade das fundações? A universidade como uma instituição pública não é capaz de desempenhar as tarefas que uma fundação realiza?
Assim faz-se necessário que haja uma luta constante contra a privatização destes espaços dentro da universidade. É necessário a conscientização do corpo docente da possibilidade de estas tarefas se realizarem sem a intermediação de uma fundação.
Portanto, conter a proliferação das fundações na universidade se faz fundamental para evitar os casos de corrupção dentro da universidade, evitar a falta de professores na graduação, que assumem compromissos com os cursos pagos, bem como dos mestrados profissionalizantes. Assim, a autonomia da universidade é fundamental para o bom desempenho da atividade acadêmica contendo os abusos capitalistas através da acumulação de recursos por meio ilícito.
O Ousar ser Diferente ratifica a necessidade de impedir que os espaços da universidade sejam privatizados por fundações que se utilizam dos matérias e espaços físicos para oferecer cursos pagos para os próprios estudantes ,em valores muitas vezes exorbitantes. A universidade deve manter seu caráter de Publica e Gratuita a fim de fomentar a construção de conhecimento em todas as camadas sociais, sem fazer distinção de social com recorte econômico.

A Ousar ser Diferente é:

Pelo fim das privatizações das privatizações na Universidade Pública;
Não as Fundações;
Pelo fim dos credenciamentos ilegais das fundações nos Conselho Universitário;
Não aos Curso pagos.



ASSISTÊNCIA À SAÚDE NA UFBA: Acesso à cidadania e inclusão social

A Universidade como previsto na lei 8080/90 que rege o SUS, é responsável pela formação de recursos humanos que atendam às necessidades de fortalecer e estruturar um sistema eficaz que dê resposta aos problemas da população, de forma gratuita. Além disso, a Universidade é também, o espaço onde as pesquisas e extensões vão permitir o diálogo com as comunidades, na perspectiva de inserir o conhecimento popular na formação e na produção de conhecimento, afim de que esta formação seja reflexo das mudanças nas organizações e relações sociais que já estão estabelecidas.
A Universidade é, portanto, uma das principais arenas de disputa do SUS. Desse entendimento, nós do Ousar Ser Diferente achamos necessário que fique nitido o papel dos serviços prestados pela universidade, a fim de garantir à população, direito e acesso à saúde. O Hospital Universitário, o Ambulatório Magalhães Neto, o Pronto Atendimento de Pediatria, a Maternidade Climério de Oliveira são exemplos de serviços prestados na Universidade que atendem a toda comunidade usuária do SUS e que serve também, de campo de prática indispensável para a graduação dos cursos de saúde da UFBA.
Legitimando a Universidade como campo de disputa da Reforma Sanitária, é preciso que a comunidade estudantil se mobilize em torno das pautas de saúde e que lutem para que a Política de Assistência Estudantil da Universidade garanta o direito de uma assistência médica que garanta a prevenção, o diagnóstico e a terapêutica, dando condições aos estudantes de se manter na Universidade com qualidade de vida, dialogando com a rede pública de saúde.
O SMURB deve ser pólo de produção científica para o SUS, realizando projetos de pesquisas, garantindo bolsas para estudantes, captando recursos para a Universidade servindo como campo de prática, desafogando o HUPES. Portanto, somos CONTRA a transformação do SMURB no prédio do PAFIV por entender que esta proposta não dialoga com os anseios e necessidades da comunidade acadêmica (estudantes, professores e servidores), além de não contribuir para o avanço da Reforma Sanitária e efetivação do SUS.
O VI CONGRESSO DE ESTUDANTES DA UFBA deve servir como espaço de formulação de uma política de assistência estudantil que contemple as bandeiras de luta que reafirmem o modelo de universidade e sociedade que queremos, e no campo da saúde, é preciso que esta política garanta que a Universidade vai ser a ferramenta de promoção da inclusão cidadã no acesso aos serviços de saúde para toda a população.

MULHERES EM MOVIMENTO MUDANDO A CARA DA UFBA

Em toda a história da Universidade Federal da Bahia as mulheres foram à menor parcela dos/as alunos/as que compunham o corpo discente. De minoria quantitativa à inexpressível representação política, a sociedade estruturada no machismo e no patriarcado se reflete dentro das salas de aula e nas representações estudantis, mesmo nos cursos femininos, o que torna urgente o combate a educação sexista, machista e homofóbica nesta universidade.
Na Bahia a luta feminista tem uma forte ligação com o debate racial. Como maioria da população, nossas mulheres tem cara e principalmente raça. São negras, chefes de família, trabalhadoras e estudantes, que convivem com uma dupla carga de discriminação dentro e fora da universidade. Nos institutos de saúde, a saúde da mulher negra não é visível, assim como a história da luta das mulheres não são visíveis na faculdade de educação. Na comunicação, nas ciências exatas e nas artes, pouco se fala sobre elas, apesar da UFBA passar por um novo período que muda a característica dos seus/ uas alunos/ as, adquirido principalmente após a implementação de ações afirmativas como as cotas raciais. Ou seja, nós mulheres negras, não nos sentimos representadas nestes espaços que deveriam contribuir para nossa formação acadêmica e social.
Com o passar dos anos o movimento estudantil, partindo principalmente por iniciativa das mulheres que compunham o movimento, incluiu as pautas feministas nos programas políticos apresentados pelo mesmo, sendo este um pontapé inicial para travar o debate das opressões de gênero na educação, nas relações sociais e nas formas de construção política apresentadas nos espaços de deliberação e poder. Porém hoje com uma conjuntura totalmente diferente da encontrada no período do 5° Congresso de estudante da UFBA, as pautas das mulheres estudantes são diferenciadas, fazendo com que o ME se organize de uma outra forma, na tentativa de representar de fato um contingente cada vez maior de estudantes. É nesse sentido que a Ousar ser diferente apresenta alternativas para a mudança nas estruturas das entidades estudantis da UFBA, por exemplo, fazendo com que a diretoria de gênero passe a se chamar DIRETORIA DE MULHERES, a fim de referenciar a luta feminista tanto na composição do DCE, quanto nos demais espaços.
O feminismo nasce como alternativa para uma sociedade preconceituosa que estabelece às mulheres espaços privados, ao invés dos públicos. Na atual conjuntura a Ousar Ser Diferente avalia que o feminismo ganha novas caras e abarca a diversidade de mulheres, negras, mães, lésbicas, moradoras de periferia, indígenas, entre outras. Isto faz com que o projeto de universidade democrática e popular ganhe referencia na integração da diversidade das mulheres que compõe cada parte deste estado a fim de garantir, saúde, educação, visibilidade, assistência estudantil, paridade nos espaços de poder e respeito a todas e todos.

As mulheres e homens do Ousar ser Diferente se fazem ouvir:

Pela mudança do nome da diretoria de Gênero, para Diretoria de Mulheres do DCE/ UFBA;
Por assistência estudantil com recorte de Gênero;
Pelo fomento da criação de núcleo de mulheres nos diversos institutos da UFBA;
Pela implementação da diretoria de mulheres nas entidades de base da UFBA;
Pela construção de Ciclos e Encontros de Mulheres estudantes como políticas de entidade, para o DCE/ UFBA.
Pela construção de um fórum de ação no combate a falta de atenção à saúde da mulher;
Paridade nas instancias de poder, na diretoria do DCE e nas diretorias e/ ou coordenações das entidades de base da UFBA;
Pela criação de mecanismos que punam a violência moral e sexual sofrida pelas mulheres tanto institucional, quanto no ME em geral.

O PAPEL HISTÓRICO DO CONGRESSO DOS ESTUDANTES PELA REPARAÇÃO RACIAL
Nos anos 90, os estudantes negros e negras da UFBa foram pioneiros na organização e na mobilização política desse segmento, criando um clima político que desembocaria, anos mais tarde, na aprovação da Política de Ações Afirmativas da universidade. Após esse refluxo, o movimento teve um retrocesso em contradição com o aumento do ingresso de jovens negros e negras nos mais diversos cursos da UFBA. As pautas do movimento estudantil negro também mudaram bastante, evoluindo em direção à permanência dos estudantes na universidade, ao diálogo com a comunidade e a democratização do conhecimento que a universidade produz e socializa. No meio desse momento, a gestão anterior do DCE realizou o Primeiro Encontro de Estudantes Negras e Negros da UFBa – ENNUFBA, que avançou no debate racila dentro da universidade e que começou a criar um clima de descolonização na universidade e no ME, porém ainda sentimos que o debate racial ainda é tabu nas salas de aula e nos debates apesar do caráter diferenciado da universidade que tem em seu corpo discente cada dia mas negros. Essa crítica e autocrítica é fundamental para a retomada do debate sobre a questão racial na universidade, em especial quando estamos prestes a formar a terceira turma de estudantes cotistas ao fim desse semestre sem saber quais suas perspectivas e a contribuição que as cotas têm dado à superação do racismo. Assim como não existem dados sobre as condições de permanência do estudante negro/a na UFBa, também não se sabe como tem sido a inserção dos formados no mercado de trabalho ou na pós-graduação. Assim como seu desempenho não tem sido medido, a UFBa não discute a pós-permanência dos estudantes negros/as e cotistas em uma sociedade estruturada pelo racismo.Os ataques da direita as cotas raciais nas universidades a exemplo da UNB e das Universidade Fluminense, serve de exemplo para que o ME fique atento e saiba que a luta no combate as opressões raciais não foram vencidas. A pauta central do movimento estudantil, portanto, deve ser a análise das políticas afirmativas na universidade, ponderando seus limites, objetivos alcançados e as necessidades de aperfeiçoamento. Com essa pauta, deve ser retomado o debate sobre as relações raciais na universidade e o Diretório Central dos Estudantes deve ser protagonista na mobilização dos estudantes negros e negras. As tarefas começam nesse Congresso, que deve lançar um II ENNUFBa para ser realizado no início do próximo semestre e organizar o Fórum Por Uma Universidade Sem Racismo, puxado pelo DCE com o convite não só aos cotistas e estudantes negros, mas também às organizações do movimento social negro que discutem o combate ao racismo na universidade. É pauta desse Congresso, ainda, a reorientação programática do papel da Diretoria de Combate ao Racismo, em direção à tarefa histórica de contribuir para a reparação racial como etapa necessária e justa do processo de conquistas da igualdade racial. Essa nova concepção funcional é representada melhor por um novo nome, onde propomos a Diretoria de Reparação Racial. Cumprindo com essa importante demanda, o VI Congresso dos/as Estudantes da UFBA possibilitará a retomada do debate racial na universidade.
Nós Negras e Negros da Ousar Ser Diferente querem:
- Aprovar a reorientação programática da atual Secretaria de Combate ao Racismo para a Diretoria de Reparação Racial;
- Transformar o ENNUFBa – Encontro de Negras e Negros da UFBA em política de entidade e não mais política de gestão
- Organizar o Fórum Por Uma Universidade Sem Racismo.

O AMOR É QUE É ESSENCIAL

As/os LGBT costumam liderar estatísticas de assassinatos, agressões físicas e verbais, evasão escolar e, mais ainda, enfrentam imensas dificuldades em reagir a tudo isso. Primeiro, porque a força da repressão conta com todo o aparelho necessário, inclusive o Estado homofóbico, que costuma transformar a vítima em culpada. Segundo, porque a ideologia dominante age sobre a identidade coletiva dos/as LGBT e sua auto-estima, esmorecendo sua indignação contra a injustiça, desestimulando sua vontade de lutar.
Cada segmento LGBT sofre diferentes formas de homofobia. As lésbicas enfrentam a invisibilidade e o machismo no próprio movimento dos gays. A identidade de gênero de transexuais é constantemente desrespeitada: a sociedade insiste em padronizar as pessoas segundo valores tacanhos e mesquinhos. Gays negros são fetichizados e se estabelece uma divisão racial da orientação sexual, sujeita a interesses econômicos. Lésbicas e transexuais negras estão sujeitos a todo tipo de discriminação, marginalização e exclusão.
Só há um jeito de mudar isso: lutando. Foi e é o que fizeram as/ os companheiras/os do movimento LGBT, permitindo o atual fenômeno do crescimento e fortalecimento do movimento em toda Bahia, inclusive no ensino superior. Há alguns anos, os LGBTs das universidades como um todo, começaram a se organizar e a luta deles já conta com alguns êxitos, como a realização anual da Universidade Fora do Armário - UFBA.
O Ousar ser Diferente propõe outros meios de enfrentamento da política de discriminação dos/ as LGBT’s dentro das universidades, lutando pela implementação de diretorias especificas para este seguimento. Este instrumento de luta deve ser utilizado por todas e todos, a fim de levar o debate de orientação sexual para as salas de aula, desmistificando a educação opressora desenvolvida na universidade que ditas regras heteronormativas as áreas de conhecimento. A criação da diretoria LGBT no DCE/ UFBA e nas entidades de base é de extrema importância para o fomento de uma universidade justa e fraterna.
Mas os estudantes LGBT também enfrentam a discriminação de militantes heterossexuais, que vai desde piadas preconceituosas até o desincentivo à participação (expurgo) de campos políticos e entidades. O movimento estudantil heteronormativo deve ser reformulado para dar lugar a homoafetividade – a prática de relações igualitárias e inclusivas entre heterossexuais e LGBT. É inadmissível a prática de homofobia por militantes e membros de entidades representativas, porque isso inibe a própria participação dos LGBT no ME e limita a capacidade de combate à homofobia. Os estudantes LGBT são estudantes e, portanto, devem se organizar nas entidades representativas do ME.

O Ousar Ser Diferente Propõe:

Criação da Diretoria LGBT no DCE/ UFBA e nas Entidades de Base (DA’s e CA’s);

• Trasnformar o evento: Universidade Fora do Armário em política de Entidade, a ser realizada uma vez por ano;

• Reformulação dos currículos pela diversidade na Universidade e contra a educação heteronormativa;

• Campanha pela diversidade nas residências estudantis: fim à homofobia nas casas;

• Defesa das pautas gerais do movimento LGBT, como a criminalização da homofobia (aprovação do PLC 122), a união civil e o reconhecimento do direito a adoção por casais gays e lésbicas.


UMA NOVA PERSECTIVA AMBIENTAL PARA A UFBA.

O ser humano alcançou nível de impacto ambiental nunca imaginado pela nossa sétima geração antepassada. Os ambientalistas mais radicais prevêem a incapacidade ambiental para a sobrevivência humana na terra já nas próxima décadas. A riqueza natural vai dando lugar ao imaginário da produção de meios produtivos artificiais, sintéticos. O modelo de produção capitalista mostra-se falível e insustentável, colocando a demanda da questão ambiental no centro da política mundial. Na próxima rodada de negociações da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas se reunirão 190 países em Copenhague para discutir a redução de gases de efeito estufa, colocando em questão a lógica desenvolvimentista do sistema capitalista.
A emissão do gás carbono, o qual provoca o efeito estufa, ganhou proporções cada vez mais altas após o advento do modo de produção capitalista. Como essência deste sistema, o carbono torna-se um mercado super requisitado após o Protocolo de Kyoto, transformando o direito de poluir em mercadoria. Os países ricos seguem poluindo o mundo, mas baseado na possibilidade de comprar dos países pobres o direito de poluir o que eles não utilizam do nível tolerado de emissão de gases de efeito estufa. Uma pergunta então começa pairar: o desenvolvimento sustentável é possível no sistema capitalista?
No nosso contexto pensar em meio-ambiente é pensar numa universidade democrática. O UFBA Ecológico é nosso meio legal sobre o qual devemos estar representados por conselheiros estudantis e pela sociedade civil. Porém a mesma não constitui hoje um meio real de defesa e preservação do meio ambiente, se tornando apenas uma fachada para que construções que não respeitam a sustentabilidade ambiental sejam erguidas na perspectiva de se urbanizar e ampliar sem planejar.
A construção da nossa universidade num modelo sustentável perpassa por um novo paradigma ambiental. A participação representativa nas instâncias de base torna-se fundamental para uma (re)significância dos nossos espaços acadêmicos, tornando-o favorável a nossa autonomia. Desta forma, é garantindo o acesso a ambientes propicio a formação de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática, dizendo não ao machismo, a homofobia, ao racista e/ou qualquer tipo de opressão. O uso correto de tecnologias sociais e sustentáveis; o adequado manejo dos lixos proveniente dos laboratórios e demais resíduos; o apropriado manejo da flora e fauna presentes nas reservas ecológicas dentro da universidade, bem como a preservação da qualidade da água, e de todo o patrimônio material e natural deste espaço, possibilita a ação de políticas ambientais voltadas a transformação desta universidade.
O Ousar Ser Diferente aponta para alternativas que garantam de fato uma nova atenção ao debate ambiental na universidade, sendo isso realidade na criação da diretoria de Meio Ambiente do DCE da UFBA e nas demais entidades de base. Para além disso também apontamos a necessidade de uma maior fiscalização das construções que andam sendo erguidas na UFBA, na perspectiva de que se efetive o UFBA Ecológica não como um meio de burlar a fiscalização ambiental, mas como um meio de preservação do meio ambiente na UFBA, dialogando também com as comunidades e movimento sociais.



DESCRIMINALIZAÇÃO DA MACONHA: AS POLÍTICAS DE SAÚDE E SEGURANÇA ENVOLVENDO AS DROGAS.

A cannabis sativa é conhecida há séculos pela humanidade por suas propriedades medicinais, mas a marginalização de um de seus produtos, a maconha, trouxe como conseqüência a própria negação do caráter benéfico da planta. Um estratagema típico das necessidades econômicas e religiosas da sociedade capitalista. A campanha ideológica contra a maconha procura vinculá-la a drogas como cocaína, acusando-a de causar profundas conseqüências ao organismo humano. Mas a maconha sequer causa overdose, e se o problema é a dependência, a regra deveria valer para produtos plenamente legalizados, como a cafeína. A maconha é a droga psicoativa mais segura ou, melhor dizendo, menos insegura para o ser humano.
Um elemento importante desse debate é a diferenciação de raça e classe que a lei produz no caso. Ao desresponsabilizar legalmente os consumidores e penalizar os traficantes, a lei brasileira comete racismo e possibilita ao Estado um elemento concreto para renominar a política de extermínio do povo negro. Não é de assustar que as milhares de vítimas de crimes policiais todo ano sejam “associadas” ao tráfico de drogas, mesmo que não haja indício algum da relação. Basta ser negro para tornar-se alvo da caçada, e o tráfico é a desculpa perfeita. Além disso, a diferenciação entre “usuário” e “traficante” pode ser feita de modo arbitrário pelo juiz, pois a lei não especifica que quantidade torna o portador da droga “vítima” ou “criminoso”. Como a lei não é cega, ela vê raça e classe nessa diferenciação. O povo negro acaba sendo a vítima do terror do Estado.
Defendemos a descriminalização concebendo-a como um conceito qualitativamente diferente da legalização. A descriminalização retira da lei a proibição ao consumo, produção e comercialização da droga, o que deve diminuir consideravelmente a perseguição às favelas e comunidades pobres. Isso diminuirá a violência nessas localidades, e contribuirá para a paz cada vez mais distante da sociedade brasileira. Além disso, poderá criar importantes alternativas econômicas para as pessoas, pelo caráter simples da produção da maconha.
A possibilidade de produção doméstica da maconha afronta os interesses de lucro das grandes corporações. O álcool e o tabaco prescindem da industrialização por sua produção em larga escala. A legalização pode implicar em uma política de regulação da produção e da venda, o que pode garantir um tratamento capitalista à maconha. Significa que a maconha poderia se tornar um produto, sujeito a normas, tributação e fiscalização – e é justamente esse elemento que está na raiz de sua ilegalidade. Por outro lado, a legalização poderia conceber políticas de saúde e segurança necessárias após o processo de descriminalização. Portanto, não basta defender a legalização: há de se definir qual legalização!
O debate ainda não está suficientemente amadurecido no campo Ousar Ser Diferente, como também no movimento estudantil. Isso não significa que podemos protelar uma tomada de opinião mais profunda nesse momento. A sociedade está despertando para esse debate agora, e a maior entidade estudantil do mundo deve apresentar argumentos que balizem a disputa na sociedade. Importante lembrar que uma das tarefas é a própria garantia do debate, perseguido pelo Estado.

Assim, defendemos:
• Descriminalização da maconha;
• Políticas públicas e saúde para os usuários de drogas;
• Por uma política de segurança contra o massacre ao povo negro;
• Pela liberdade de expressão e garantia do amplo debate na sociedade
brasileira a respeito da legalização da maconha e demais drogas.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O Primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi reafirma o machismo da Sociedade.


O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, reafirma o preconceito de gênero da sociedade machista e patriarcal. O parlamentar num ato lamentável de discrimação, chocou as mulheres de todo o mundo e impulsionou a retomada do debate da opressão de gênero na Itália.
Segue abaixo matéria do CUCA - Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE.


Não sou uma mulher à sua disposição.

A pequena Mafalda está indignada com o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi. A argentina de seis anos aderiu ao protesto que já tem a adesão de cem mil mulheres contra o machismo do político.

Uma tirinha em quadrinhos enviada pelo autor Quino ao jornal La Repubblica, um dos poucos que escapam ao cerco midiático de Berlusconi, fez crescer os protestos contra a declaração dada no começo de outubro. Em debate com a opositora Rosy Bindi, o empresário afirmou em rede nacional: “Você é mais bela que inteligente. Não me interessa o que diz”.

A declaração fez renascer o movimento feminista italiano, que logo passou a colher assinaturas repudiando a atitude. A infeliz afirmação soma-se aos diversos escândalos de corrupção e de prostituição nos quais está envolvido o primeiro-ministro, que tentou pedir desculpas afirmando tratar-se de uma piada de ampla utilização.

Rosa Bindy afirmou que a tentativa de retratação não é uma desculpa, e faz apenas agravar a situação. “Isso de 'ampla utilização' é como dizer que todos pensam a mesma coisa”, afirmou, e logo depois cravou a frase que se tornaria mote da campanha: “Não sou uma mulher à sua disposição”.

Desde então, camisetas com a frase vêm sendo estampadas e vendidas aos montes no país. Nesta semana, a pequena Mafalda resolveu entrar na campanha, e pronunciou com todo seu atrevimento a resposta a Berlusconi. Para quem não conhece, vale a pena lembrar que a menina é a mesma que desafiou os políticos argentinos, inclusive ditadores, ao longo de todo o século passado, e estampou com ironia a realidade de países subdesenvolvidos.

Por decisão de Quino, seu autor, que não permite reproduções do trabalho, a tira pode ser vista no original de La Repubblica.

Fonte: http://www.cucadaune.blogspot.com/

UNE comemora: Senado aprova o fim da DRU na Educação





A DRU é um mecanismo que autoriza o governo a reter 20% de toda arrecadação. Na prática, com o fim da DRU, o Ministério da Educação terá uma verba extra de R$ 4 bilhões para investimentos ainda este ano. “É uma histórica reivindicação da UNE. Bilhões de reais eram subtraídos da Educação. O desafio agora é debater a aplicação dos recursos”, declara o presidente Augusto Chagas.

Na noite desta quarta-feira (28), a Educação obteve mais uma vitória: foi aprovada por unanimidade pelo plenário do no Senado Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que determina o fim da Desvinculação das Receitas da União (DRU) sobre o orçamento da Educação. A DRU é um mecanismo que autoriza o governo a reter 20% de toda arrecadação sem justificar no projeto de orçamento a destinação dos recursos.

Na prática, com o fim da DRU, o Ministério da Educação (MEC) terá uma verba extra de R$ 4 bilhões para investimentos ainda este ano. Em 2010 serão R$ 7 bilhões a mais (as reduções da incidência são gradativas: de 12,5% e 5%, em 2009 e 2010, respectivamente). Em 2011, quando não haverá mais a incidência do mecanismo, especialistas estimam que os recursos disponíveis devem saltar para R$ 10,5 bilhões.

“Agora é pra valer. Está extinta a DRU, que vinha subtraindo bilhões da Educação. A UNE sempre foi contra esse mecanismo, desde sua criação. Os estudantes têm muito o que comemorar com essa aprovação", afirma Augusto Chagas, presidente da entidade. Para Chagas, um bom desafio que temos adiante é o debate sobre como aplicaremos esses mais de 10 bilhões de reais que, em alguns anos, serão somados à educação brasileira. "Mesmo com os avanços do último período, nossa educação passa por muitas dificuldades: há cerca de 14 milhões de analfabetos no Brasil, a média de escolarização ainda é bastante baixa - 7 anos -, nossas escolas estão precárias e a remuneração dos professores deixa a desejar", enumera. O presidente da UNE alerta que muitos jovens estão excluídos atualmente, o que se deve à falta de recursos. "O fim da DRU vai contribuir para que possamos superar essas debilidades", concluiu.

Histórico da PEC

A PEC 96/2003, de autoria da senadora Idelli Salvatti (PT-SC) já havia sido aprovada em dois turnos pelo Senado, mas voltou à Casa porque a Câmara dos Deputados, em setembro deste ano, incluiu a obrigatoriedade da educação básica e gratuita para crianças e jovens de 4 a 17 anos. De acordo com o projeto, esta medida será colocada em prática gradativamente até 2016. Hoje, a lei exige a oferta de educação básica para crianças de 6 a 14 anos.


O que é a DRU?

A DRU ou Fundo Social de Emergência, como foi denominada na época de sua criação (em 1994, pelo governo Fernando Henrique Cardoso), destinava-se à desvincular 20% do produto da arrecadação de todos os impostos e contribuições da União, incluindo as receitas vinculadas ao ensino. Apesar de ter sido aprovada como algo transitório, ela vinha sendo prorrogada desde então a partir de Emendas Constitucionais (EC).



Da Redação, com informações da Agência Senado


Fonte: http://www.une.org.br

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Aprovado na Câmara dos Vereadores o projeto de indicação do nome de 16 maio para o viaduto do bairro do Canela.


Na tarde de ontem, 27/10, foi aprovada pela câmara dos vereadores de Salvador, o projeto de indicação do nome de 16 de Maio para o viaduto do Canela, requerido pela Vereadora Marta Rodrigues (PT).

O 16 de Maio de 2001 é uma data histórica para o Movimento estudantil baiano que teve este dia marcado pela intolerância policial que reprimiu violentamente uma manifestação pacífica de estudantes no entorno do campi da UFBA, no Canela. Os estudantes aquela época pediam punição aos responsáveis pela quebra do sigilo do painel eletrônico do Senado Federal, que tinha como figura central, o então senador Antonio Carlos Magalhães. Após passeata pela vale, na subida do viaduto, estudantes, deputadas/os, vereadoras/ os, imprensa e manifestantes em geral, foram fortemente agredidos, evidenciando o cerceamento do direito constitucional de livre manifestação, preceituado no art. 5º, da nossa Carta Magna.



Este requerimento já havia sido aprovado pelo Conselho Universitário da UFBA, no ano de 2001, porém nunca acatado pela administração pública deste município.

Datas como estas ficam marcadas na memória estudantil da nossa universidade, fazendo com quem agora, mais do que nunca, se faça necessário a organização estudantil no intuito de pressionar a prefeitura para que efetive de fato esta nomeação, que representa nossa história.

Hoje o ME Baiano acorda com mais uma motivação, expressa na luta das/ dos companheiras/ os que fizeram e fazem frente a este e outros ataque aos movimentos sociais. A luta organizada não acabou e o 16 de Maio foi um exemplo disso.


A UFBA NÃO ESQUEÇE, O VIADUTO É 16 DE MAIO!

Fonte: Ousar Ser Diferente.

Diretoria de Gênero do DCE da UFBA comparece ao I Seminário de Mulheres Estudantes da UESB/ Jequié.





Realizado entre os dias 22 e 23 de Outubro, o I SEME – Seminário de Mulheres Estudantes da UESB/ Jequié, contou com a participação da Diretora de Gênero do DCE/ UFBA, Tâmara Terso.
Esta atividade, promovida pelo DCE da UESB/ Jequié em parceria com o Coletivo feminista Maria Quitéria teve como intuito debater a organização das mulheres na Universidade.
Com o tema: A Construção do Olhar Feminista para a Universidade, esses dois dias fomentaram o debate a cerca da participação das mulheres nos movimentos sociais, a organização das mulheres nos espaços de poder, aborto e auto-organização feminina.
Num espaço misto (mulheres e homens), o Auditório Waly Salomão recebeu nestes dois dias em média 80 participantes, que acompanharam uma programação diversa de debates, mesas redondas e mostra de áudio-visual.
Sem perder a bandeira de construção de uma Universidade Democrática e Popular, o DCE da UESB incluiu em sua programação a Integração da Universidade com as Comunidades e Movimentos Sociais. Exemplo disso foi à participação não só da academia, mas da Associação de Donas de Casa da Bahia, Católicas pelo Direito de Decidir, Marcha Mundial de Mulheres, Integrantes do Movimento Negro, entre outros, que ajudaram a construir novas perspectivas para a luta das mais diversas mulheres, negras, indígenas, lésbicas e estudantes.
Nas palavras de uma das integrantes do Coletivo MQ, Thaís Barreto, ex-diretora do DCE/ UESB, “... a organização das mulheres é fundamental para a superação das opressões de gênero. A educação sexista deve ser combatida, assim como o racismo e a homofobia dentro e fora da universidade. Só assim construiremos uma universidade fraterna e com equidade e o I SEME é o nosso primeiro passo.”.


Fonte: Ousar Ser Diferente.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

ATO NA LAPA


Estudantes se mobilizam pela Facultatividade do pagamento antecipado do Salvador Card





Segunda-feira, dia 05/10, estudantes do Grêmio do Colégio Central fizeram uma manifestação em frente ao posto de recarga do Salvador Card da Estação da Lapa pedindo a Facultatividade do pagamento antecipado de créditos do cartão de meia-passagem.

A manifestação teve a adesão de vários estudantes de outros colégios do centro da cidade, que vem sofrendo com a evasão ocasionada pelo alto preço da passagem. A fila estava lotada estudantes que são obrigados a enfrentá-la freqüentemente, afinal só existem três postos em toda cidade.

Os estudantes pediam a aprovação do PL 28/09, para isso utilizaram um megafone para chamar a atenção da população, distribuíram panfletos e passaram o abaixo-assinado, que teve o apoio de dezenas de usuários do sistema de transporte público de Salvador.

As mobilizações continuarão pela cidade, a fim de pressionar os vereadores a aprovarem o PL. Entre nesta luta, forme um Comitê da Facultatividade Já em sua escola e ajude a democratizar o transporte público em Salvador!

Fonte: Ousar Ser Diferente.

Ciclo de Debates Itinerantes: Mulheres em Movimento Mudam a Universidade!




Fonte: DCE/UFBA.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Diretoria de Gênero do DCE da UFBA comparece no Lançamento da Frente Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto - Bahia.


Nesta ultima Segunda-feira, dia 28/08, a Diretoria de Gênero do DCE da UFBA participou do lançamento da Frente Contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto – Bahia, que contou com a presença de diversos seguimentos dos movimentos sociais e parlamentares do âmbito Municipal e Estadual. O lançamento aconteceu no Centro Cultural da Câmara Municipal de Salvador e culminou também com a data do Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe, referenciando assim a luta das mulheres de variadas etnias, sobretudo a mulher negra, parcela mais atingida pelo aborto inseguro em nosso estado.

A diretoria de Gênero da UFBA participou tanto da adesão à frente, quanto na organização e no lançamento, protagonizando assim uma luta histórica do movimento de mulheres da Bahia. A diretora, Tâmara Terso, que estava na mesa de abertura representando o movimento estudantil enfatizou “... também é a partir da educação que formamos novos meios de enfrentar as discriminações e construir uma sociedade mais justa e igualitária. O movimento estudantil tem o papel estratégico de levantar esses debates nas escolas e universidades a fim de construir novas alternativas no enfretamento e na superação do machismo, do racismo e da homofobia...” .

Dados denuciam “... só em 2007, forma realizados em Salvador 8.387 curetagens, isso significa quase 699 por mês, 23 por dia e 1 à cada hora...”. Esses dados, recolhidos por estudos do IMAS - Instituto Mulher pela atenção integral à Saúde, Direitos Reprodutivos e Direitos Sexuais - evidenciando que o aborto inseguro no estado da Bahia faz mais vítimas do que o maioria dos estados brasileiros, contudo ainda temos uma lei datada a década passada, 1940, que criminalizam as mulheres que fazem o aborto e que não caracteriza este procedimento como de saúde pública, logo de responsabilidade do estado.

À frente após seu lançamento agora tem o papel de ajudar a nortear o debate, tanto na sociedade, quanto no parlamento, a fim de criar mecanismos de mudança da lei, para que o aborto seja descriminalizado e passe a ser garantido às mulheres na rede pública de saúde. A desigualdade de gênero é um dos pilares estruturante da sociedade e atacar essa estrutura é visionar uma nova forma de ordem social que respeite as diferenças.


Fonte: Ousar ser Diferente.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Facultatividade Já!


DCE usa Tribuna Popular da Câmara para cobrar aprovação do PL 28/09



O Diretório Central dos Estudantes da UFBA utilizou hoje a Tribuna Popular da Câmara Municipal de Salvador para cobrar que os vereadores aprovem projetos que democratizem o transporte público na cidade. O espaço de participação popular é reservado a entidades do movimento social apresentarem suas demandas.

A diretora do DCE, Tâmara Terso, juntamente com o presidente da Associação dos Grêmios Estudantis de Salvador, Gilcimar Brito colocaram os problemas de mobilidade urbana gerados pelo alto preço, má qualidade do serviço e falta de compromisso da Prefeitura com sua responsabilidade de regulação do sistema.

Os estudantes cobraram a aprovação do PL 28/09 de autoria da vereadora Marta Rodrigues (líder do PT na Casa), que versa sobre a facultatividade da compra antecipada de créditos do SalvadorCard. Hoje o estudante com R$ 1,10 no bolso e sem créditos no cartão não passa na roleta. Esse sistema é ilegal porque fere o direito a meia-passagem, que está vinculado à comprovação de matrícula e não a ter um cartão com créditos, e o Código de Defesa do Consumidor, que diz que ninguém pode ser obrigado a pagar antecipadamente por um bem ou serviço. Além de ser injusto numa realidade em que grande parte da população não tem renda fixa.

A apresentação do DCE a da AGES foi comentada por 6 vereadores, Olívia Santana, Henrique Carballal, Aladilce Souza e Marta Rodrigues pela oposição e Pedrinho Pepe e Jorge Jambeiro pela situação. Este último, presidente da Comissão de Transportes da CMS, argumentou contra o Projeto, demonstrando mais uma vez seu compromisso com os empresários.

O Movimento Estudantil continuará mobilizado por um sistema de transporte que garanta e direito a ir-e-vir da juventude soteropolitana e contra os abusos do SETPS/TransSalvador . Continuam sendo realizadas reuniões nas Universidades e colégios e coletas de assinaturas para a aprovação do PL.

Facultatividade Já!

Fonte: Coletivo Ousar ser Diferente.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Transporte público e meia-passagem


28/9/2009 17:11:29


Os estudantes Gilcemar Brito, presidente da Associação de Grêmios e Estudantes de Salvador (Ages) e Tâmara Terso, diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFBA, ocuparam a tribuna popular, hoje, para cobrar a garantia do direito a meia-entrada plena e melhorias para o transporte público. Para a diretora não é justo que os estudantes só paguem meia passagem quando tiverem créditos no cartão do Salvador Card. Ela afirma que “é preciso garantir que os alunos, mesmo não tendo crédito no cartão, paguem o valor pela metade”.


Fonte: http://www.cms.ba.gov.br/blog.asp

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ufba aprova cinco novos cursos para 2010

Cinco novos cursos serão oferecidos pelaUniversidade Federal da Bahia(Ufba) no vestibular 2010. São eles: bacharelados em sistema de informação, fisioterapia, engenharia deagrimensura e cartografia; licenciatura em computação; e o curso superior tecnológico (CST) em transporte terrestre: gestão do transporte e trânsito.

Além destes, serão criadas também 50 vagas em novo turno (noite) no curso de pedagogia.

A novidade foi divulgada ontem após aprovação na Câmara de Ensino de Graduação da universidade e valem apenas para os campi de Salvador. No total, foram acrescidas 890 novas vagas, totalizando 7.886 em todo o Estado.

Os cursos de bacharelados interdisciplinares (BIs)em artes, ciência e tecnologia, humanidades e saúde e os CSTs de gestão pública e gestão social, incluindo o de gestão do transporte e trânsito terrestre, têm a duração de três anos Para o pró-reitor de graduação da Ufba, Maerbal Marinho, “este curso (gestão de transporte) vai capacitar os estudantes para contribuir com a organização do tráfego em qualquer grande cidade do País”, explica.

Nas duas modalidades acadêmicas (BIs e CSTs), não haverá provas nem pagamento da taxa de inscrição. O processo seletivo será realizado por meio da medição do desempenho no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Já os cursos de progressão linear (os antigos e os novos) mantêm o vestibular em duas etapas.

As vagas, apesar do crescimento da oferta, continuam disputadas, ao menos nos cursos mais tradicionais. Direito, porexemplo, teveaprocura de 17,9 candidatos por vaga em 2008, número que caiu para 13,3 no último vestibular.

Quanto aos cursos novos, o pró-reitor de graduação diz que terá de esperar o encerramento das inscrições para que seja identificada a aceitação de cada um.


Isenção e inscrições Segundo Maerbal, mais de oito mil estudantes atenderam aos critérios exigidos e conseguiram a isenção da taxa de inscrição. Para aqueles que que não obtiveram a gratuidade, o custo da inscrição é de R$ 85.

O prazo vai até o próximo dia 14. Os interessados podem faz a inscrição via internet ou se dirigir a um dos 11 postos distribuído por todooEstado.

Em Salvador, os estudantes podem se deslocar até o Serviço de Seleção, Orientação e Avaliação, no Canela; ou à Faculdadede CiênciasEconômicas, na Praça da Piedade, no Centro da cidade.

A seleção da Ufba é realizada em duas etapas. A primeira está marcada para 15 e 16 de novembro, e a segunda, para o período entre 13 e 18 de dezembro.

A primeira etapa, genérica, é composta por questões objetivas do tipo proposições múltiplas, comuns a todos os candidatos de todos os cursos, mas com pesos diferenciados.

Na segunda fase, as provas são discursivas e específicas.

Há, ainda, provas de habilidade específica para a área de artes.

A Ufba mantém um sistema de cotas, voltado a afrodescendentes oriundos de escola pública (36,55%), candidatos de escola pública de qualquer etnia ou cor (6,45%) e indiodescendentes (2%). Os 55% restantes são destinados aos demais candidatos.


Fonte: LUIZ FERNANDO LIMA - Jornal A Tarde.

domingo, 6 de setembro de 2009

Congresso da União dos Estudantes da Bahia elege novo presidente

A reestruturação das universidades estaduais baianas é uma das prioridades da nova gestão.

"Nas margens do São Francisco, nasce a beleza e a certeza da Bahia livre". Esse foi o slogan do Congresso da União dos Estudantes da Bahia, em sua 3º edição após a reconstrução da entidade no estado. Os estudantes tomaram conta da cidade de Juazeiro, durante os três dias de evento.

Depois de muito debate, na plenária final, o movimento estudantil mostrou sua força e conseguiu eleger - por unanimidade, em chapa única - o estudante Vladimir Meira, 24, aluno de ciências sociais da Universidade Federal da Bahia. A entidade tem muitos desafios pela frente. Especialmente a consolidação de sua representatividade, reconhecida e legitimada com muita luta.

“Uma de nossas prioridades é discutir e apresentar um projeto de reestruturação das universidades estaduais baianas. Diferente das instituições federais, as estaduais estão praticamente abandonadas”, afirmou o presidente eleito. Segundo ele, esta gestão tem a missão de percorrer e ocupar todas as universidades da Bahia para discutir e traçar um projeto que vise maiores investimentos e melhorias às estaduais.

O 3º Congresso da UEB aconteceu na UNIVASF (Universidade do Vale do São Francisco), e reuniu cerca de 450 estudantes que debateram os rumos do ensino superior no estado.

Fonte: Por Estudantenet

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Tese da OSD para o 3° Congresso da União dos Estudantes da Bahia - UEB - Juazeiro -BA.




Texto de Apresentação

Às margens do São Francisco se encontra o Movimento Estudantil Baiano para o 3º Congresso pós-reconstrução da União dos Estudantes da Bahia. A metáfora do rio é bastante reveladora e útil neste momento, em que a entidade precisa superar a fase inicial de reorganização e somar-se à correnteza de mobilizações do dia-a-dia dos estudantes baianos.

Somos militantes de dois grupos políticos do ME baiano, oriundos dos movimentos sociais como o de mulheres, negro e LGBT, que se somam ao esforço de estar lado a lado dos estudantes na construção de uma política estadual para o ensino superior que seja capaz de garantir as conquistas para a juventude baiana.

A UEB cumpre papel fundamental neste cenário. É sua tarefa unificar a luta pela democracia e inclusão social no estado tendo como base a transformação do cenário educacional. O grupo político que hegemoniza a entidade precisa ter nítido o momento histórico que a Bahia vive e a obrigação de superar a cultura de represar as mobilizações estudantis.

A UEB precisa estar à altura dos desafios, democratizando seus espaços de decisão. Por isso propomos, seguindo as deliberações recentes da UNE, a criação do Conselho Editorial e Fiscal. Desta forma poderemos ter uma maior pactuação a cerca das opiniões e da política de finanças da entidade.

A UEB também deve estar mais próxima das universidades baianas, com objetivo claro de disseminar as deliberações do 3º Congresso e suas políticas e campanhas. Propomos a realização trimestral de uma reunião da Diretoria Plena com caráter de Seminário Temático, para debater os rumos da educação superior o nosso estado. Nestes seminários devem contar com espaços para a organização dos estudantes nos eixos transversais do ME, como a questão racial, de mulheres e LGBT. Além de serem organizados sempre em Universidades diferentes, garantindo a capilarização da UEB no cotidiano da luta estudantil.

Temos um grande desafio pela frente, mas com enorme possibilidade de conseguir pautar a nossa agenda e avançar nas vitórias. Cabe a cada um e cada uma de nós a defesa intransigente de uma sociedade mais justa e igualitária com uma universidade verdadeiramente democrática e popular.



Universidades Estaduais:
Fortalecer a luta! Aprofundar as conquistas!!



A Bahia atravessou um longo período governada por um projeto político que não priorizava a educação. Educar significa dar soberania ao povo, algo inconcebível para os caciques carlistas. O legado das últimas três décadas no ensino superior do nosso estado é desalentador: Universidades sucateadas, falta de equipamentos e laboratórios, congelamento de salários, déficit crescente de professores e funcionários, expansão desordenada e motivada por fins eleitoreiros.

O governo Wagner vem implementando um novo modelo de desenvolvimento no estado, com inversão de prioridades, participação popular e objetivo claro de diminuir as desigualdades sociais e regionais. A conjuntura nacional no plano da educação também é extremamente favorável, com a expansão das federais (Ex.: UFRB e UNIVASF), a multiplicação dos IFETs, as melhorias no ensino básico advindas principalmente do FUNDEB e do piso nacional dos professores. Aproveitando este cenário nacional, temos que entender as Universidades como elemento fundamental deste processo de transformação social em curso na Bahia. A produção do conhecimento tem que estar a serviço da inclusão social e os cursos devem dialogar com as características do território onde se encontram.

Apesar desta nova concepção, as dificuldades enfrentadas não são poucas. A aliança com partidos conservadores para chegar ao Palácio de Ondina e garantir a governabilidade é sempre um limitador a ser levado em consideração, além da insuficiência do orçamento (principalmente com a redução na arrecadação proveniente da crise) e do fato de que num estado governado por tanto tempo para poucos tudo acaba sendo prioridade absoluta. Outro entrave são as administrações das UEBA’s que ainda refletem, em sua maioria, os métodos do governo anterior.

Este governo já mostrou qual caminho quer seguir, com aumento significativo dos recursos para as UEBA’s, redução do déficit de professores e avanços na política de assistência estudantil. Cabe ao movimento estudantil, junto com professores e funcionários, pressionar para aprofundar os canais de diálogo com a Secretaria de Educação a fim de garantir mais conquistas para que tenhamos uma Política Estadual de Ensino Superior conectada com os rumos da nova Bahia.


Por isso lutamos:

7% das Receitas Líquidas do Estado para as UEBAs Já!!!
Rubrica própria no Orçamento das Estaduais para Assistência Estudantil;
Revogação da Lei 7176/97: Fim da Lista Tríplice e eleição direta para Reitores/as;
Paridade nos Conselhos e Órgãos Suplementares;
Nivelamento e Reajuste do valor das Bolsas de Iniciação Cientifica das UEBAs;

Financiamento da Entidade e Salvador Card.


Neste momento em que a UEB parte para o seu 3º Congresso pós-reconstrução é fundamental debatermos a sua política de finanças, em especial o acordo firmado pelo grupo majoritário na direção em nome da entidade com o SETPS quando da implantação do sistema Salvador Card.

Este sistema de bilhetagem eletrônica significou um retrocesso no transporte público de Salvador, reduzindo a mobilidade urbana e atingindo em cheio os/as estudantes. As escolas do centro da cidade estão cada vez mais esvaziadas, o número de assaltos não diminuiu, as promessas dos empresários nunca foram cumpridas.

A UEB precisa expressar os anseios dos estudantes, neste sentido defendemos que a próxima gestão esteja engajada na luta pela democratização do transporte público.


Por isso Lutamos para que a UEB possa:

Promover um amplo debate público sobre a viabilidade do passe livre;
Promover campanha pela facultatividade do pagamento antecipado de créditos do Salvador Card;
Lutar pelo aumento dos postos de recarga;
Representar os estudantes frente ao MP em processos contra os abusos cometidos pelo SETPS;
Lutar pela reativação do Conselho Municipal de Transporte;
Lutar pela adoção do critério renda da população no cálculo da tarifa.


O petróleo tem quer ser nosso

A História do Brasil é, desde sua invasão, marcada por ciclos de ascensão de determinado produto para exportação, por vezes denominados de ciclos econômico, do pau Brasil, até a soja, passando pelo cana de açúcar , ouro, café cacau, borracha entre outras que em determinado momento teve sua maior ou menor importância para a balança comercial e conferiu a seus produtores importância econômica e social.

Esta lógica exportadora, entre outros elementos da formação social e econômica do Brasil, impediu a criação de um mercado interno de consumo a partir de uma brutal concentração de renda ao mesmo tempo em que produziu uma elite oligárquica que caracteriza a cultura política nacional.

Apesar disso a sociedade e em especial o movimento estudantil sempre buscou através das lutas sociais alternativas para o desenvolvimento nacional e para o resgate da dignidade do povo brasileiro. Entre tantas lutas o movimento o “O PETROÉO É NOSSO” cunhado a partir de um congresso da UNE foi capaz de irradiar para todos os movimentos sócios e conquistar os corações e mentes dos brasileiros que nunca se cansaram de ter esperança de construírem uma nação soberana e verdadeiramente justa para todos.

Como produto desta luta nasceu em 1953, a Petrobrás e é aprovado o monopólio da União sobre toda atividade de lavras prospecção e distribuição do petróleo; este controle nacional possibilitou o estudo geológico do território nacional e as descobertas de grandes áreas de exploração além do fortalecimento de umas das mais importantes e queridas empresas do Brasil e que da dedicação de seus empregados têm dado grandes contribuições para o desenvolvimento nacional e produzindo tecnologia de ponta em varias setores da indústria petrolífera sem contar com a contribuição para a economia nacional e para elevação da auto-estima de todo brasileiro.

O monopódio durou até 1997 quando o governo FHC instituiu uma emenda no artigo 177 da constituição federal, de número nove, quebrando este monopólio obedecendo então a uma exigência do banqueiros e corporações estrangeiras em que os paises do terceiro mundo entregassem suas riquezas minerais, suas estatais, como forma de pagamento da divida externa. Não conseguiram privatizar totalmente naquela época e hoje persiste nesta tarefa através dos seus representantes no senado quando criam uma CPI sem consistência, sem fatos na tentativa mais uma vez de desmoralizar uma empresa que só tem dados lucros significativos ao pais, que representa uma das maiores empresa do mundo, colocando o Brasil num patamar de destaque no mundo.

Novas descobertas são feitas pela Petrobras na costa brasileira, justamente em uma época que as novas descobertas de campos de petróleo no mundo estão em declínio, ao contrario do consumo que cresce vertiginosamente destacando ai os EE. UU como um dos maiores consumidores de energia do mundo.

A soberania de um país está diretamente ligada a capacidade deste de produzir e consumir energia e com estas descobertas do pré-sal, o Brasil passará da 17ª. para possivelmente a 4ª. maior reserva de petroleiro do mundo, significando que poderemos estar rumo ao modelo de desenvolvimento de sociedade justa e igualitária.

Em 2006 chegamos a alto suficiência produzindo 1.800.000 barris diário de petróleo e podemos, com as descobertas na camada pré-sal, passar a ser exportador com um crescimento na produção em torno de 5% ao ano, esta condição nos colocará entre as economias mais fortes do mundo e, para isso precisamos nos manter a salvo das tentativas de seqüestros das nossas riquezas pelos vilões a serviço do capital estrangeiro.

Precisamos nos aliar, em uma campanha que defenda os interesses nacionais, com setores que defendam que o petróleo volte a ser do povo brasileiro e que estas novas descobertas também sejam usadas a serviço da sociedade nas suas necessidades básica como pesquisa, saúde, educação, moradias e segurança.

Portanto, estamos propondo a defesa de uma lei que contemple os pontos abaixo que já conta com o apoio de vários seguimentos da sociedade.

·Fim das rodadas de licitações e retomada dos blocos petrolíferos que já foram leiloados;

·Monopólio estatal na exploração, desenvolvimento, produção, refino, pesquisa e transporte do petróleo bruto e seus derivados, tendo a Petrobrás como executora;

·Fundo Social Soberano (com controle social) para garantir que os recursos gerados pelo petróleo sejam investidos em políticas públicas voltadas para as necessidades do povo brasileiro (previdência, saúde, educação, habitação, reforma agrária, trabalho, pesquisa) e no incremento de fontes alternativas de energia renovável e limpa;

·Petrobrás 100% estatal e pública, garantindo também a reincorporação da Transpetro e da Refap e a incorporação da Refinaria Riograndense (antiga Ipiranga), da Refinaria de Manguinhos (RJ) e da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG);

·Estabelecimento de quarentena de 12 meses para os diretores e gerentes executivos da Petrobrás que deixarem a empresa;

·Mudança do papel da ANP, que deixa de ser reguladora do setor e passa a ter a função de fiscalizar as atividades da indústria nacional de petróleo e gás, sobretudo a distribuição;



Mulheres em Movimento Mudam o Cenário do ME Baiano.

O movimento de mulheres, na Bahia constitui-se por mulheres organizadas em Movimento populares que desde cedo aprenderam, forçadamente, a conviver com as adversidades provenientes de suas condições na sociedade. Boa parte da parcela destas mulheres são afro-indígenas das quais, além de passarem por um processo de subjugação de gênero, convive com preconceitos raciais, homo/lesboafetivos, bem como de classe.

Por meio das pautas históricas, o Movimento de Mulheres tenta paulatinamente se instaurar nos espaços acadêmicos e no Movimento Estudantil - ME. A exemplo disso observa-se as gestões do ME em suas mais diversas entidades (Lucia Stumpf na UNE, Leila Ferreira no DCE/UFBA, diretorias de mulheres, etc) lideradas por companheiras empenhadas. Exemplos passados também trazem à tona situações de experiência e vivência, com as mães-de-santo, chefes de terreiros de candomblé que já exerciam autonomia sobre seus territórios e defendiam suas lutas, sem falar na grande chance do Brasil ter a 1ª Mulher Presidenta em 2010.

Dessa forma, vemos mulheres dos mais variados espaços e gerações liderando e disputando o cenário de poder contra hegemonia masculina e em sua maioria heterossexual. Lutas como o ensino da participação feminina nas Ciências Humanas, Exatas e Tecnológicas do ensino fundamental, médio e superior devem ser travadas por entidades de base, gerais e pela União dos Estudantes da Bahia - UEB. Assim como a realização de debates semestrais dentro dos seminários da diretoria plena teria o tema central a organização das mulheres para a superação das opressões. A legalização do aborto, considerado um crime, vitimiza muitas mulheres baianas e em sua maioria negras. Esta também, deve ser também uma pauta prioritária da UEB.

A importância da auto-organização de mulheres no ME é um grande passo educativo que ajuda a combater qualquer tipo de opressão voltada às minorias políticas. A construção de um olhar e vivência feminista para o ME é fomentar práticas cotidianas e sócio-educativas no sentido de desconstruir o sentido de que as mulheres não podem ocupar espaços de poder, por serem demasiadamente ‘sentimentais’, frágeis, intuitivas etc. Podemos ver que todas essas características citadas não passam de um constructo cultural do que é ser mulher, o que geralmente, não é ainda compreendida como relação de opressão pelas quais nós mulheres do movimento estudantil passamos.

É preciso garantir espaços em que as companheiras sejam estimuladas a serem agentes da história, onde possam encontrar referências para a luta feminista, tornando esses espaços de auto-organização momentos de formação política e que por meio desses estudos possam ao lado dos companheiros construir uma sociedade mais justa e mais igualitária.

A UEB deve compreender e assumir legitimamente o papel de agente transformador da realidade atual, sendo a mesma regida pela equidade de gênero bem como a democratização dos espaços de poder. Fazer da Diretoria de Mulheres um espaço que realmente contribua para a mudança da lógica machista/sexista/heteronormativa nos diversos espaços de luta é dever da militância comprometida.

Por isso Lutamos:

Nós, mulheres negras, exigimos recorte de gênero e de raça nas políticas de permanência nas universidades;
Queremos que a UEB possa aderir a Frente Baiana Contra a Criminalização da Mulher e para a Legalização do Aborto;
Pela paridade nos Conselhos e nas Diretorias para que possamos ser pautadas nos espaços de poder;
Realização de debates semestrais dentro dos seminários da diretoria plena tendo como tema central a organização de mulheres no ME.

O Amor é que é Essencial.

“O Amor é que é essencial.O sexo é só um acidente. Pode ser igual Ou diferente.”

Fernando Pessoa.


Assim como Fernando Pessoa, muitos intelectuais reconhecidos/as defenderam a liberdade para amar – e foram perseguidos/as por isso. Talvez graças a isso, a academia costuma ter a imagem de libertária, mas trata-se de uma instituição tão heteronormativa, homofóbica, lesbofóbica e transfóbica quanto qualquer outra. Talvez pior, porque a falsa imagem dificulta o combate à discriminação na Universidade e o crescimento dos casos desta opressão ainda demonstra que a homofobia também vitimiza as/os LGBT dentro destas instituições.
Cada segmento LGBT sofre diferentes formas de homofobia. As lésbicas enfrentam a invisibilidade e o machismo no próprio movimento dos gays. A identidade de gênero de transexuais é constantemente desrespeitada. Gays negros são fetichizados e se estabelece uma divisão racial da orientação sexual, sujeita a interesses econômicos. Lésbicas e transexuais negras estão sujeitos a todo tipo de discriminação, marginalização e exclusão.
Só há um jeito de mudar isso: lutando. E os Mov. LGBTs há alguns anos vem levantando a bandeira de combate as opressões nos espaços da universidade afim de organizar o ME baiano para propor novas alternativas de superação destes preconceitos.
Avanços como a criação do primeiro Centro de Referencia para LGBTs, na cidade de Vitória da Conquista é um dos resultados esta luta, porém com relação á organização concreta da comunidade LGBT universitária, nosso estado ainda deixa a desejar.
Percebemos que os CAs e DAs, assim como os DCEs na Bahia ainda se furtam em fazer o debate da homofobia, lesbofóbia e transfóbia. O ME ainda é muito reativo a opção sexual divergente da normatividade prevista na concepção do mundo capitalista-judaico-cristão refletindo nas poucas atividades organizadas e bandeiras de lutas pautadas nesse espaço com relação ao tema, assim como, a falta de diretorias específicas LGBTs nas entidades gerais, de base e principalmente na UEB.
O movimento estudantil heteronormativo deve ser reformulado para dar lugar a homoafetividade – a prática de relações igualitárias e inclusivas entre heterossexuais e LGBT. É inadmissível a prática de homofobia por militantes e membros de entidades representativas, porque isso inibe a própria participação dos LGBT no ME e limita a capacidade de combate à homofobia.
É urgente que a UEB construa um programa e contribua com a organização dos estudantes LGBT nas universidades baianas. O incentivo à criação de diretorias LGBT nos DCEs, DAs e CAs, a organização de atividades de conscientização das comunidade universitária, o acompanhamento constante dos casos de homofobia são tarefas desta entidade e não podem ser deixadas de lado por quem estar a frete deste processo.

Por isso lutamos:

Realizar o Primeiro Encontro de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Trangêneros da UEB, no início da próxima gestão;

Ampliar o alcance de atividades regionais do movimento LGBT regional nas universidades, como o Universidade Fora do Armário de 2009;

Reformulação dos currículos pela diversidade na Universidade e contra a educação heteronormativa;

Campanha pela diversidade nas residências estudantis: fim à homofobia nas casas;

Defesa das pautas gerais do movimento LGBT, como a criminalização da homofobia (aprovação do PLC 122), a favor da união civil e o reconhecimento do direito a adoção por casais gays e lésbicas.

DENEGRINDO A UNIVERSIDADE BAIANA.


As universidades baianas cumprem um papel histórico e bem definido na exclusão do povo negro, a saber, na justificativa do racismo pela diferença de nível educacional. Somos a maior população negra fora da África e ainda sim somos vítimas do preconceito racial, que é um pilar estruturante da sociedade capitalista que estamos inseridas (os). Com as cotas e o ProUni, essa situação começa a mudar ao se abrir uma porta para o acesso do negro à universidade. Novas problemáticas vêm sendo postas a partir de então, com a constatação de que a permanência dos negros e negras na Universidade é comprometida pelo racismo. Além disso, avançamos para um patamar de discussão que compreende a descolonização do conhecimento, a pós-permanência na universidade e a inserção no mercado de trabalho.
O movimento estudantil negro tem o papel de denunciar a ciência como instrumento do racismo, que acontece de diversas formas, passando pela exclusão da contribuição afro-indígena nas ciências exatas, humanas e tecnológicas, além das já reconhecidas teses que fomentam a democracia racial, o embranquecimento das relações sociais, entre outros mecanismos que visam invisibilizar o povo negro e indígena na formulação do saberes.
O racismo ganha força nas universidades brasileiras de maior prestígio, e isso não deixa a Bahia de fora, onde a hegemonia branca teme perder espaço e sofistica seus esquemas de exclusão, até mesmo disfarçando-os sob o título de ação afirmativa. Meses atrás percebemos a intolerância aos avanços da população afro-indígena com a ofensiva contra as cotas que tinha como argumento central a inconstitucionalidade destes mecanismos, porém é no mínimo contraditório por parte das elites argumentar algo deste tipo em políticas do estado que séculos atrás serviram para criar preconceitos (o estado financiando imigrantes de países europeus após a escravidão ao invés de investir nos ex-escravos que aqui viviam) e que hoje serve para reparar este episódio. Entendemos que se o estado interferiu para gerar preconceitos, nada mais justo que ajudar a superá-los agora, logo estes mecanismos não propagam preconceitos, mas apenas procuram superá-los, ao contrário do século passado.
Para nós, a pauta fundamental do movimento negro na universidade ainda é a inserção da nossa juventude. O acesso continua privilegiando negros menos retintos e a classe média dos bairros populares, e os cursos de maior prestígio social e retorno profissional ainda são bastante racistas em termos de composição estudantil e docente. Mudar essa realidade é um compromisso que a universidade precisa assumir, e depende da compreensão de que as cotas não resolvem o problema sozinhas. É necessária a ampliação da universidade pública, inclusive com a criação de campi nos bairros de maioria negra. Garantido acesso, o desafio é a implementação de um amplo programa de ações afirmativas para que a universidade baiana cumpra sua tarefa na reparação. É preciso ir além do acesso e garantir a permanência e a pós-permanência dos estudantes negros e negras, bem como a descolonização do conhecimento nestas instituições.
Para isso, UEB deve se envolver na aprovação de projetos importantes para a comunidade negra, como o Estatuto da Igualdade Racial e a lei que institui cotas sociais com recorte racial nas universidades de todo o país. O PROUNI também pode ser instrumentalizado como política de ações afirmativa, e a UEB pode propor as alterações que devem ser feitas no projeto para que ele atenda essa demanda.

Por isso, propomos:

Que a UEB promova uma campanha regional pela descolonização do conhecimento;

Estímulo à formação dos núcleos de estudantes negros e negras nas universidades;

Todo apoio da UEB à implementação da lei 11.645, que institui o ensino da história e cultura africanas nas escolas públicas;

Que a UEB encampe a luta pela aprovação das cotas sócio-raciais, já aprovada na Câmara e encaminhada ao Senado;

Aproximação das UEB das entidades negras, em favor das pautas dos estudantes negros e negras;

Que a UEB afirme seu compromisso com o processo de garantia da permanência e pós-permanência dos estudantes negros e negras nas universidades;

Que a UEB promova o combate ao racismo institucional nas universidades, incentivando a criação de ouvidorias para denúncia de casos de racismo.