Vivenciamos, em âmbito Nacional e Estadual, o mês da Consciência negra, o “Novembro Negro”, e na Universidade Federal da Bahia presenciamos dois casos lamentáveis de racismo em menos de um mês.
O primeiro caso, ocorrido na Faculdade de Ciências Econômicas e Ciências Contábeis, tem como pano de fundo a infeliz frase “No mercado de trabalho não há Cotas”. Essa frase, proferida por um professor em sala de aula após chamar a atenção de um aluno negro e cotista, hoje é vista pela comunidade docente da unidade como questão de interpretação (com direito a carta de apoio ao professor que se expressou de forma racista). Já o segundo caso, um tanto quanto mais covarde, também se refere a uma frase, agora escrita no banheiro masculino do 1° andar da Faculdade de Comunicação, à base de tinta acrílica vermelha, com os dizeres: “Porco e Preto”, em referencia a um dos poucos professores negros da Faculdade.
O importante é se ater a pergunta: De onde essas duas ações saem? A primeira de um professor para um aluno e a segunda de “alguém” para um professor, mostrando assim como surge e de onde vem a intolerância racial em nossa universidade. O racismo da UFBA vem de sua estrutura. O racismo da UFBA não se exime do racismo do resto da sociedade, porém ele é agravado pela forma como é trabalhado no meio acadêmico, que finge não ver e ainda é reforçado nas salas de aula dessa estrutura. O racismo da UFBA vem da falta de importância da Universidade em expor e debater o racismo. O racismo da UFBA se dá por descaso político-social. O racismo institucional na UFBA reproduz o modelo hegemônico de exploração e o faz a partir de uma das instâncias de regulação da sociedade, o Estado, que executa práticas racistas além de ser conivente e corporativista com aqueles que o praticam.
Nosso ensino ainda é marcadamente Racista, Machista e Homofóbico, para citar três opressões fundamentais. Nas disciplinas ensinadas nos cursos desta Universidade o tema do Povo Negro é relegado ao esquecimento em detrimento da história européia, e por último nosso projeto de Ações Afirmativas tem ações restritas e que não apontam para as mudanças estruturais que a universidade carece. Aliás, é disso que queremos falar!
A falta de priorização da pauta da questão racial faz com que tenhamos aprovado um programa de Ações Afirmativas e depois o engavetado nas salas apertadas da PROAE. As Ações Afirmativas, hoje com cerca de 11 mil alunos cotistas, não passa do acesso, da Bolsa e Permanecer e outras poucas ações.
Portanto, o Racismo na UFBA deve ser repudiado e mais que isso, deve ser tema de uma grande mobilização por parte dos professores, alunos e técnicos-administrativos, a fim de que nossas estruturas sejam mudadas pela Base. A Administração Central deve priorizar a criação e implementação real dos mecanismos de permanência do Povo Negro, colocando como prioridade o programa de ações afirmativas e descolonização do conhecimento, além de efetivar ações que visem à punição de práticas racistas criando, por exemplo, uma Ouvidoria para que esses crimes sejam denunciados.
Salvador, 11 de novembro de 2010.
Diretório Central dos Estudantes
Gestão Primavera Nos Dentes
é isso ai tt!!!
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